Ficamos hospedadas no Albergo Verdi (Via Dondi dall'Orologio, 7, próximo a praça do Duomo), que escolhi pelo bom preço e boa localização (como sempre, fechei no booking.com; indicado no guia Fodor's). Adoramos o atendimento (recepção 24h). Havia uma francesa na recepção no dia seguinte que foi muito simpática com minha mãe, que no fim do dia estava cansada, e nós já tínhamos feito o check-out. Mas, no fim da tarde, esta nos ofereceu um chá e permitiu que minha mãe ficasse na sala de estar com TV e biscoitinhos. A francesa nos contou sobre como foi parar na Itália, ela que antes morava em Paris. Muito interessante.
Ao lado do hotel fica a pizzaria Dai Gemelli, um dos poucos lugares onde se pode comer tarde em Padova. E lá fomos nós. Adoramos as nossas pizzas, as melhores que comi na Itália. Os gelatos de sobremesa também estavam ótimos. Super indico essa pizzaria, onde presenciamos uma típica festa de aniversário italiana. Barulhenta e com pessoas muito elegantes... vocês não acreditariam se vissem a altura dos saltos da mulherada, em plena terça-feira, em uma pizzaria. Só as italianas... As nossas caras fashions às 23h, depois de ir de Florença a Verona, e de Verona a Padova, e sem banho ainda, felizmente não fotografamos!!
Nossas pequenas pizzas! |
Satisfeitas com o nosso jantar, voltamos para o hotel a fim de tomarmos banho e dormir. Nossas camas eram razoavelmente confortáveis, mas os corpos cansados relaxaram e tiveram uma noite dos justos.
A new day...
Um dia fantástico em PADOVA
Pádua não é uma cidade onde os pontos turísticos ficam
todos muito pertinho. Por isso escolhi o Albergo Verdi, pois este permite que
os hospedes utilizem suas bikes sem custos extras. Só que na hora, achamos
melhor caminhar e ver as lojinhas a pé. Acho que foi um erro e os aconselho a
andar de bike, pois mamãe acabou o dia “mortinha” e de péssimo humor.
Seguem os mapas para vocês se localizarem no nosso tour.
Lugares visitados do hotel a capela |
Depois de um belo café da manhã e do primeiro
cappuccino do dia, seguimos as 8.30h para a praça do Duomo (onde não entramos), que achamos bem mais ou menos.
Local do café com cappuccino feito na hora, sucos frescos e panines quentinhos! |
Do lado de fora do restaurante, no gracioso Albergo Verdi! |
Depois de um belo café da manhã e do primeiro
cappuccino do dia, seguimos as 8.30h para a praça do Duomo (onde não entramos), que achamos bem mais ou menos.
Seguimos então para as Piazza delle Erbe e Piazza dei Frutti. Uma do lado da outra
(ambas belíssimas), separadas apenas pelo Palácio de Exposições. Nelas encontramos
os mercados das flores (Piazza delle Erbe) e das frutas (Piazza dei Frutti).
Eles são realizados diariamente (de segunda a sexta-feira das 7.30 às 13.30h e
sábado 7.30-20h). Na verdade, aí se vende de tudo, até mesmo roupas e belas
toalhas de mesa, passando por tecidos italianos interessantes. Adoramos!
A Piazza delle Erbe é uma das praças históricas da cidade
de Padova e foi construída em 1930, sendo o Palazzo della Ragione o seu grande destaque.
Exploramos os mercados e não nos demoramos muito nas
praças, pois tínhamos que pegar os nossos Padovacards
e seguir para o tour guiado no Il Bo
as 9.30h.
Seguimos então em direção ao famoso Caffé Pedrocchi (falo dele mais tarde),
atrás do qual encontramos, não muito facilmente (pedimos informação e ficava em um lugar que pareceia uma área do governo com acesso controlado), o IAT escritório de turismo da Galeria Pedrocchi
(aberto de segunda a sábado de 9-13.30h/15-19h).
Pausa para falar do Padovacard:
Ele existe em duas versões: o de 48h (16 euros) e o de
72h (21 euros). Você pode comprar online e na hora da compra é marcado a data que você poderá usá-lo, de acordo com a sua preferência. Lembre-se:
você só pode entrar uma vez, com o card, em cada monumento.
O Padovacard pode ser retirado em diversos lugares,
pré-programe-se:
·
Estação Ferroviária IAT, tel: 049 8752077
·
Galeria Pedrocchi IAT (Piazza Cavour), tel: 049 8767927
·
IAT Santo, Piazza del Santo, tel: 049
8753087
·
Abano Terme IAT, Via Abano P.d 18, - tel: 049
8669055
·
Montegrotto
IAT, Viale Stazione 60, tel: 049 8928311
·
No caixa do Eremitani Museum (Piazza Hermits, tel: 049 8204551)
Como verão mais abaixo é no Museu Eremitani que você retirará
o seu bilhete de entrada para a Capela degli Scrovegni. O ingresso para a capela
deve ser comprado com muita antecedência, pois é limitado o numero de pessoas
com acesso as obras de Giotto. A compra é, também, feita online, e custa 1 euro
se você possuir o Padovacard. É necessário pegar o seu ingresso uma hora antes
da sua visita à capela (no site da capela você pré agenda o horário da sua
visitação).
O Padovacard dá direito ao acesso gratuito em 10
lugares, a descontos em 20 lugares e a transporte e estacionamento gratuito.
Nós ficamos só um dia, mas acho que os cards valeram a pena, pois a diferença
de preço para o ingresso simples na capela é muito pequena. Lembre-se que,
comprando o PadovaCard online, você precisa saber o seu código de reserva que
aparece no final da compra.
Dentre os celebres professores estão Galileo, o matemático Francesco
Poleni, o anatomista Andrea Versálio (o pai da anatomia), Falópio e Elena
Lucrezia (primeira mulher a se formar numa universidade) |
Um pouco da história da Universidade que foi o
símbolo da liberdade intelectual entre os séculos XV-XVII:
Acredita-se que ela tenha
sido fundada em 1222, quando um grupo de estudantes e professores migrou da Universidade de Bolonha, à procura de
maior liberdade acadêmica. Mas as faculdades de Direito
e Medicina
já existiam em Padova antes disso.
Inicialmente ela era a Universitas
Iuristarum onde ministrava-se o ensino de Direito Civil
e Direito Canônico, mas já em torno de 1250 iniciou-se o ensino de
Medicina e de Artes.
A Universitas Artistarum torna-se independente da Universitas
Iuristarum, em 1399, graças à intervenção de Francisco II
de Carrara, senhor de Pádua. Desde então passaram a existir duas universidades
distintas, dotadas dos mesmos direitos e privilégios, cada uma com seu próprio
reitor. Era o início do humanismo.
O curso durava 6 anos e os
estudantes deviam seguir as lectiones, tomar parte ativa das repetitiones,
questiones e disputationes. Os estudantes afluíam de toda a
Europa e eram divididos em duas "nações": a Natio Citramontana,
que compreendia os estudantes italianos e a Natio Ultramontana, para
estrangeiros.
Quando Pádua passa a ser
governada pela República de Veneza, em 1405, a sua universidade inicia
seu período de máximo explendor. Entre os séculos XV
e XVII,
ela torna-se um centro de estudo e pesquisa internacional, graças à relativa
liberdade e independência da igreja, garantidas pela República de Veneza, bem
como à própria potência econômica e política da Sereníssima, da qual
Pádua era o centro cultural.
É nesta época áurea que a
universidade adota o moto Universa Universis Patavina Libertas
("Inteira, para todos, a liberdade na Universidade de Pádua"),
tornando-se o principal centro científico da Europa. Ainda hoje, percebemos na
visita guiada como os cidadões de Pádua se orgulham dessa história de liberdade
da igreja que começou a ser contada aí.
Não
se pode fotografar o tour, então as fotos que mostrarei agora são do site do Il Bo,
e servem apenas para vocês imaginarem a visita (e para que eu não me esqueça
desse momento sublime!).
Vou falar um pouco do tour que foi maravilhoso para mim
(que sou médica) e para mamãe (que é professora de matemática). Abaixo o
mapinha do tour, que dura cerca de 40 minutos.
O
tour começa na lindíssima sala da aula magna, cheia de afrescos e estátuas que
contam a história da universidade. Aí sentamos onde os antigos alunos tinham a
suas aulas e ouvimos sobre a história, que em última instância é a história do
humanismo. Atualmente
a cerimônia de graduação dos alunos da universidade são nela realizados. Pude
imaginar a emoção desses jovens...fiquei
toda arrepiada.
Após fomos visitar a Sala dei Quaranta, onde mamãe
enlouqueceu com a cátedra de Galileo, que dizem é a original...sei não!
Visitamos depois a Sala di Medicina, onde há peças de dissecção originais, retratos dos antigos anatomistas e onde foi a minha vez de enlouquecer de emoção com as histórias. Achei interessantíssimas as homenagens no teatro àqueles anatomistas, e pais da Medicina moderna, que após a sua morte doaram secretamente seus corpos para dissecção. Secretamente, porque naquela época a igreja proibia essa prática, e quando não havia doações de cadáveres, os médicos eram obrigados a rouba-los dos cemitérios na calada da noite.
Essa visita para mim foi inesquecível, e de certa forma
me fez lembrar a beleza histórica da minha amada profissão. Afinal, ao contrário
do que pensa, hipocritamente,
o meu prefeito, os médicos não são delinquentes, apenas se
encontram muiiito desiludidos com a qualidade da Medicina que podemos oferecer
(graças aos nossos políticos), em nosso país!
Por fim, fomos conhecer o Teatro de Anatomia, onde
pudemos ver o anatômico da época, com seus diversos planos (parece uma cebola).
Diz-se, antigamente, com o calor (o teatro é todo fechado), que o cheiro era
horrível!! Não se entra nele, para manter-se a conservação, nós o observamos de
cima (como se vê na foto).
Um pouco da história
do teatro de anatomia, relatada no site oficial e no tour:
O Teatro de Anatomia da Universidade de Pádua é uma dos
mais antigos e mais importantes edifícios médicos do mundo. Ele é um símbolo do
século XVI, o século em que, graças à anatomia, a Medicina viu romper a
concepção de mil anos da cura Galênica.
O Teatro foi construído em 1594, quase cem anos após
Alessandro Benedetti (1455-1525) publicar sua obra “De Anatomia”, onde, pela
primeira vez, se descreveu um teatro para realização de autópsias. Ainda quase
50 anos antes da sua construção, Andrea Vesálio (1514-1564), o pai da
Medicina moderna e professor da Universidade de Pádua, havia publicado o famoso
livro “De humani corporis fabrica”.
O Teatro ocupa os dois andares superiores do Palazzo del Bo,
indo do lado oeste ao norte do edifício. Sua forma é elíptica, como um cone de
cabeça para baixo, com seis camadas concêntricas, cujas balaustradas esculpidas
são de madeira de nogueira.
Estudiosos do calibre de William Harvey (1578-1657),
Giovan Battista Morgagni (1682-1771) e Antonio Scarpa (1747-1832) estudaram em torno
desta mesa de dissecção. Alunos estrangeiros, também, aí se formaram e a
partir daí, se dividiram mundo a fora para espalhar o seu conhecimento de
dissecção. Dentre eles se destacam os ilustres: Peter Paaw (1564-1617) de
Leiden, na Holanda (estudou em 1597) e Thomas Bartholin (1616-1680) de
Copenhague, na Dinamarca (estudou em 1643).
Eu sou o tipo de turista que odeia vandalismo, mas
confesso que foi enorme a minha vontade de fotografar clandestinamente as peças
do antigo anatômico e, principalmente, os desenhos originais dos alunos do Corpo
Humano. Feliz ou infelizmente, resisti a esse impulso...
Por hoje, vamos parar por aqui. No próximo post o tour
em Pádua continua.
Até lá!
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