Páginas

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Caminhando entre as muralhas de Carcassonne


Olá pessoal! Domingo passado nós vimos como é o passeio sobre a muralha norte de Carcassonne. Todavia, outro passeio interessante, que pessoalmente curti mais, é seguir o percurso entre as muralhas. Isso mesmo, entre. Porque Carcasssonne não é apenas uma cidade murada, ela é duplamente murada.



Voltemos a sua história para compreender. Longa, muito longa e sangrenta é a história dessa cidade que hoje parece de conto de fadas. Mas, vem comigo que vão entender. Resumindo ao máximo, podia dizer que a atual Cité já existia em 27 antes de JC, quando era domínio românico. Na época, ela era conhecida como Júlia Carcasso. A primeira fortificação, com muralhas, data ainda da época galo-romana.

Todavia, sua localização privilegiada a tornou alvo de vários ataques, consequentemente a região muda de mãos com tempo. Sarracenos e Visigodos dela se apropriaram.

Em 1067, Raimond Trencavel, por casamento, torna-se proprietário de Carcassonne. Por séculos a dinastia Trencavel reina, e foram eles quem construíram o Château Comtal e a Basílica Saint-Nazaire.

É aí, na Idade Média, que Caracassonne se consolida como um forte feudo cátaro. No entanto, a cidade cátara "cae" contra as forças das cruzadas comandadas pelo Papa Inôcencio III, em 1226. Assim, ela é vinculada ao domínio real. Abandona-se o feudalismo occitano, a administração passa a ser senescal. Nesta ocasião, a cidade se torna uma importante fortaleza entre a França e o Reino de Aragão. O Rei Louis IX, e se sucessor, se encarregam da construção das muralhas externas.

Todavia em 1659, após o Tratado dos Pirineus, ela perde sua importância estratégica, é abandonada, e aos poucos vai se deteriorando.
 
É somente em 1835, no auge do romanticismo francês, que surge na sociedade o amor por tudo que era medieval. Logo, em 1844, o arquiteto Viollet-le-Duc é encarregado da sua reconstrução. Esta só foi concluída, após o seu falecimento, por seu aluno Paul Boeswillwald, em 1911. Eles extrapolam um pouco a imaginação e adicionam novos elementos, desta forma Carcassonne adquire o atual aspecto.

Sobre as curiosas torres: Viollet-le-Duc cobre as torres com telhados pontiagudos revestidos de ardósia, dando a Cité um aspecto da cidade real de fins do século XIII. Nos anos 60-70, os Monumentos históricos acrescentam telhas planas de terracota às torres do séc. XIII e telhas canais para as galo-românicas.



Com tantas histórias, é interessantíssimo caminhar entre as enormes muralhas e observar suas torres. Na base destas, atentem para as antigas pedras.

Sim, uma viagem a Carcassonne é uma volta ao tempo. Quer outra curiosidade? Há uma "lenda" que diz que Hitler futucou horrores por dentro da cidade, pois acreditava que os cátaros haviam nela escondido o Santo Gral. Verdade, ou não, ao passear pela Cité é impossível não pensar na magia e mistério desse povo... Ainda hoje os occitanos guardam segredos!

Vamos as dicas práticas:

1. Nunca, jamais, faça de Carcassonne um bate e volta. Para conhecê-la bastam umas 8 horas, mas para entender a sua alma, é preciso pernoitar.


2. O passeio entre as muralhas deve ser feito bem cedinho, antes da chegada das excursões com hordas de turistas. Simone indica: faça o percurso sul as 8,30h. Entre pela Porte Narbonnaise e siga calmamente até a Porte Nazaire. Adentre a Cité, visite a Saint-Nazaire que abre as 9,30h.


muralhas e o castelo guarnecido por 59 torres e barbacãs, poternas e portas


 

cerca de 1 km de circunferência entre as muralhas

  





Porte Nazaire



Saint-Nazaire




Porte Nazaire


3. Seja um dos primeiros a entrar no castelo. Visite as muralhas norte, de cima.

4. A tarde, assista ao sol se por sobre a belíssima arquitetura da Cité, a distância. O lugar mais indicado é a Pont Vieux.

5. Antes, ou depois, de um jantar romântico, dê a volta na Cité, entre as muralhas... Juro, é de arrepiar os cabelinhos da nuca. Inesquecível!!



no sec. XIII, os reis da Franca ordenaram a construção da muralha externa em
torno da Cidade Fortificada

 






6. Pense nos cátaros, em Hitler, etc. Agradeça aos romanos, aos visigodos, aos Trencavel, a Viollet-le-Duc, e a Deus que até lá permitiu sua ida.

C'est ça! Bon voyage!

Nenhum comentário:

Postar um comentário