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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A Madri de Ernest Hemingway


Madri, e a Espanha como um todo, se orgulha de ter se livrado dos clichês. Leques, saias rodadas, boinas, castanholas, touradas e um espírito altamente dramático são atualmente, de certa forma, desprezados pelos jovens.

Madri está moderna, cheia de megastores, restaurantes e bares com design arrojado, enfim, bastante cosmopolita na aparência e "espírito". Mas, vamos ser honesto, no imaginário do turista sempre vem a Madri dos anos 30. A Madri das tabernas escuras, dos edifícios azulejados, do flamenco, e das touradas.  É mais ou menos a essas coisas que me refiro neste post, a Madri de Hemingway (ou Don Ernesto como os espanhóis o chamavam).


Las Letras


uma festa para os nossos olhos



Taberna La Dolores (Plaza de Jesús, 4)






Los Gatos (Calle de Jesús, 2)



Madri soube se modernizar, mas guardou esses encantos. Se em honra aos mais velhos, se por respeito a sua história e cultura, ou se simplesmente tendo o turismo em mente, eu não sei. E, não importa. O que importa é que é de arrepiar os cabelinhos da nuca adentrar a esse mundo tão ricamente espanhol do nosso imaginário.









ruas que cercam a Plaza Mayor e o Mercado San Miguel



Calle de los Cuchilleros



Aos poucos pretendo publicar aqui no blog dois tipos de posts com dicas de Madri. Eles serão sobre lugares que indico que vocês se esforcem para conhecer. Se for um lugar transadinho e hipster será na sessão de posts: na Madri moderna. Se forem lugares históricos e/ou com cara do século passado estarão com o título: na Madri de Hemingway.

Mas entendam: nos posts a seguir, os lugares não se relacionarão historicamente com Don Ernesto e suas andanças na cidade. Tratar-se-á de um título que eu achei bacana.

Agora, neste post de hoje, pretendo mostrar lugares que realmente foram os prediletos de Hemingway.


a primeira visita de Ernest Hemingway foi em 1923


Fonte = El Pais


Vou começar pelo restaurante mais antigo do mundo (data de 1725!!): Restaurante Sobrino de Botín (Cuchilleros, 17). Hemingway não só adorava comer neste restaurante, como ele foi "palco" de uma das refeições dos protagonistas do livro "O sol também se levanta". Não fiz nenhuma refeição nele, pois dizem que a comida não é assim tão boa atualmente. O cochinillo experimentei no Restaurante José Maria, em Segovia (esse assunto receberá um post a parte).



em "Fiesta", ele o classifica como um dos melhores restaurantes do mundo



Madri é a Gran Via, e a Gran Via é Madri para muitos. Hemingway também assim pensava, portanto tantas vezes nela se hospedou.




Com ares art-deco, o Museo Chicote (Gran Vía, 12), conhecido na época de Hemingway como Taberna Chicote, era, e ainda é, um bom lugar para se "beber todas". No livro "A Quinta Coluna" o autor faz referência a esse bar.


foi inaugurado em 1931 por Perico Chicote


Mas, Las Letras é o bairro mais "Espanha de outros tempos" de Madri. E, nele diversos lugares adorados por Hemingway resistiram ao passar do tempo (e modismos) e continuam sendo um dos pontos preferidos da cidade.

Cervecería Alemana (Plaza de Santa Ana, 6) foi um dos bares prediletos do escritor. Apesar de possuir mesas disputadas na calçada, o interessante é observar o seu clássico interior.


Plaza de Santa Ana

 



Além da Plaza de Santa Ana, Hemingway também batia ponto na boêmia e sempre animada Calle de Echegaray, onde o bar La Venencia era seu refúgio predileto.

O Museu do Prado tambem era adorado pelo escritor. Ele se orgulhava do fato do Governo Republicano ter salvado as principais obras dos bombardeios ao envia-las, em 1936, para Valencia.



Neste bairro, bem pertinho do Museu do Prado, Hemingway se hospedava no Palace Hotel, que atualmente é o lindo e chique Westin Palace Hotel (Plaza de las Cortes, 7). Tomar o café da manhã, chá da tarde, ou um brunch no seu restaurante La Rotunda é um dos must-do da cidade.






Em "Por Quem os Sinos Dobram", o protagonista, Robert Jordan, sonha com um um parque com jardins e com uma variedade de árvores, em Madri, onde Maria e ele podem ser felizes. Sabe onde? No Parque del Retiro. Neste livro, o Jardim Botânico também aparece: "um reflexo do cheiro da morte está chegando", referindo-se aos resultados da Guerra Civil.




Por fim nada é mais espanhol do que as touradas, os toureiros com sua coragem e suas paixões. "Se você realmente quiser saber mais sobre as touradas, ou se você quiser muito, mais cedo ou mais tarde, terá de ir para Madri.", essa é uma citação de "Morte a tarde".

 

Hemingway amava o "esporte", e era amigo de diversos toureiros como: Luis Miguel Dominguín e Antonio Ordóñez.


Uma ida a Madri não estará nunca completa, se não assistirmos a um destes espetáculos na belíssima Plaza de Toros. Eu fui, claro, e confesso que é difícil descrever a emoção e comoção da platéia. Achei bacana demais, e não violento como dizem. Todavia, as touradas parecem estar com seus dias contados. A Catalunha as aboliu em 2011, e os "protetores dos animais" querem acabar de vez com elas. Quando em Madri, assisti a um debate sobre o tema... A coisa ficou "quente" na TV. Muita polêmica em torno do assunto que, eu acho, só tem servido para aumentar a platéia.



inaugurada em 1931, a construção é impressionante









Enfim, eu não fiz, e não acho que vocês farão, um tour específico pelos pontos preferidos do escritor em Madri. No entrando, para conhecer a cidade, e a sua essência histórica, é impossível não passear por esses lugares maravilhosos. Se antes ou durante a viagem, se puder ler os livros de Don Ernesto, tanto quanto melhor. Acho, que até hoje, ninguém descreveu (com alcance mundial) melhor o que É MADRI.

Beijos e boa viagem!

PS: acompanhem os próximos posts com detalhes sobre as visitas citadas neste post e muito mais sobre Madri...

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