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terça-feira, 17 de maio de 2016

Uma viagem, uma cidade, uma praça: San Marco, Veneza


Olá! Eu falei que nesta série mostraria as minhas praças preferidas no mundo que não são tão badaladas. Entretanto, há duas dentre as mais "festejadas" que não posso deixar de fora.


Hoje, falaremos, então, sobre a Piazza San Marco. Napoleão a denominou "o salão da Europa", e não sem motivos. Seria ela a mais bela do mundo? A melhor da Europa, como afirmou o general francês? Acho que não, todavia ela é singular. Muito singular, já que seu som é diferente, afinal em Veneza não há carros, então apenas ouvimos vozes, risos e música. O que obviamente a torna uma das mais românticas.






Os edifícios ao redor da praça são, em sentido inverso ao dos ponteiros do relógio, desde o Grande Canal: o Palácio Ducal, a Basílica de São Marcos, a Torre do Relógio de São Marcos, a Antiga Procuradoria, a Ala Napoleônica, a Nova Procuradoria, o Campanário de São Marcos, a Logetta e a Biblioteca Marciana. Nela, há ainda os museus: Museu Correr e o Museu de Arqueologia.








O Museu Correr se localiza em parte na Ala Napoleônica e em parte na Procuratie Nuove, que correspondem a antiga residência dos Habsburgos e da família real italiana. Ele abriga a coleção de Teodoro Correr, um colecionador do século XVIII. Os destaques são as esculturas neoclássicas, sobretudo as Antonio Canova, e na pinacoteca obras de Antonello da Messina, Carpaccio e os Bellini (Giacomo, o pai, e os filhos Gentile e Giovanni). 


Já no Museo Archeologico Nazionale os destaques são as esculturas gregas e romanas. Pode-se pagar para visita-lo individualmente (€ 19) ou comprar o passe que permite a entrada também na Sala Monumental da Biblioteca Marciana, no Museo d'arte Orientale, na Gallerie dell'Accademia, na Galleria Giorgio Franchetti alla Ca' D'oro e no Museo di Palazzo Grimani (€ 24).


Ao lado do prédio da Procuratie Nuove funciona a Biblioteca Nazionale Marciana (projeto do arquiteto florentino Jacopo Sansovino). Ela foi construída em meados do século XVI para abrigar obras gregas e latinas que a República de Veneza recebeu em doação do cardeal Bessarione. Na sua Sale Monumentali há obras de Tiziano, Veronese, Tintoretto, entre outros.


Se você quiser ver todos os museus da praça, pode comprar aqui o ingresso para os 4 (Palácio Ducal, Museu Correr, Museu Arqueológico e Biblioteca Marciana). Ele custa € 20,40. Achei caro, e como o legal de Veneza é vagar ao ar livre, optei por comprar apenas o o ticket para o Secret itineraries in Doge’s Palace, uma visita com guia e hora certa para começar (custa 24, 40 euros, e há tours em inglês, italiano e francês). Fiz esse último e vale cada centavo, sobretudo pela visita as áreas da prisão onde um dia esteve Casanova.

  • Visitas guiadas em Inglês: 9:55 (fiz esse para dar tempo de entrar na Basílica no horário em que esta está acessa – assim indico que façam), 10:45, 11:35h.
  • Visitas guiadas em Italiano: 9:30 e 11:10h. Visitas guiadas em Francês: 10:20 e 12h.
Infelizmente, não se pode fotografar a visita.


fachada oriental do pátio central em mármore em estilo renascentista, projetada por Antonio Rizzo
 
Scala dei Giganti (Escadaria dos Gigantes)

Do lado de fora, do Palácio Ducal se destacam:


gótico veneziano

Porta della Carta que foi construída em estilo gótico florido por Giovanni e Bartolomeo Bom, e onde se lê OPVS BARTHOLOMEI (obra de Bartolomeo). Nos dois pináculos laterais estão duas figuras de Virtudes Cardinais em cada lado, atribuídas a Bregno, e no coroamento está o busto de São Marcos Evangelista encimado pela figura da Justiça com espada e balança. No centro, observa-se a representação do doge Francesco Foscari ajoelhado frente ao Leão de São Marcos: trata-se duma renovação oitocentista, obra de Luigi Ferrari, em substituição da original, destruída pelos franceses em 1797.






Pátio central



Lateral ao palácio, está a belíssima Basílica.











Minhas SUPER DICAS:

1) as filas para entrar costumam ser enoooooormes, mas neste site você pode reservar de graça o horário da sua visita na alta temporada e fugir das filas. Você deve fazer a sua reserva com no mínimo 48 horas de antecedência. 

2) visite-a entre 11:30 e 12:30h, pois é o único horário em que ela está iluminada. A DIFERENÇA É ENORME.

3) não deixe de visitar o tesouro (com muitas peças bizantinas = 2 euros), o Museo di San Marco, também chamado Museo Marciano (no andar de cima, com acesso por uma escadaria fica à direita de quem entra, logo após o átrio = 3 euros),e de ver o famosíssimo Pala d’oro (magnífico altar do século X em ouro e adornado por esmaltes e pedras preciosas = 1,5 euro). O ideal é estar no museu no horário em que a basílica está iluminada. Veja as fotos:








No museu há uma varanda de onde se pode fotografar toda a praça.





É lá que estão os 4 famosos cavalos de bronze. Eles foram feitos na época da antiguidade clássica, e o imperador Trajano os levou para Roma (no século II), onde foram instalados sobre o arco de Trajano. No século IV, Constantino os levou para Constantinopla. Em 1204, Enrico Dândolo, doge de Veneza, durante o saque de Constantinopla pela Quarta Cruzada, os roubou. Eles foram, então, levados para Sereníssima e instalados na fachada da basílica. No entanto, em 1797, eles foram novamente roubados, desta vez por Napoleão, que os levou para Paris, onde foram colocados sobre o Arc du Carroussel. A Veneza, retornaram em 1815. Mas, veja bem, esses da varanda são as replicas, os originais estão dentro do museu.



Horários da basílica aqui. Mas, atenção nao se entra na igreja com bolsas/mochilas/etc. Os pertences devem ser depositados no Ateneo San Basso (Piazzetta dei Leoncini, em frente ao Portão das Flores).




Também na praça, está a Torre dell’Orologio, obra renascentista, do século XV, de Gianpaolo Ranieri e de seu filho. Seus destaques são: o sino (de 1497) com duas figuras em bronze que representam os mouros. Um é o passado (o mais velho) que bate o sino um pouco antes da hora, o outro (mais jovem) é o futuro, batendo um pouco depois. Abaixo deles há o leão alado com o livro aberto. E, depois, o relógio que mostra não somente as horas, mas também as fases da lua, as estações do ano e os cinco planetas que eram conhecidos na época: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Os signos do zodíaco giram lentamente para indicar a posição do Sol no zodíaco.







Na praça o enorme Campanile se destaca. O atual edifício é uma réplica exata do farol que existia ali desde 1514, e que desabou às 9:47h do dia 14 de Julho de 1902. Feliz e surpreendentemente não houve feridos. Na Idade Média, esse campanário serviu de prisão, onde prisioneiros eram colocados em gaiolas e pendurados do lado de fora, sob o sol e a chuva, sem alimento ou água, até morrerem. Pode-se pegar um elevador e ir ate o seu topo. A vista panorâmica é muito bacana, mas o ingresso custa 8 euros. Não fui. Domingo na “Série Lugares Secretos” contarei de onde ver Veneza do alto, sem gastar tanto.


foi aqui que Galileu testou seu telescópio em 1609
 


E, como todo salão, a Piazza tem sua ante-sala, a Piazzetta di San Marco com vistas para o canal. É nela que fica a Biblioteca Marciana, e atrás desta a Casa da Moeda.





As duas famosas colunas: a Coluna de San Teodoro (foi padroeiro da cidade antes das relíquias de Marcos serem trazidas para Veneza) e a coluna de San Marco, representado pelo famoso leão alado que podemos ver por toda Veneza, com o Evangelho aberto. Até meados do século XVIII, os criminosos eram executados aqui. Até hoje, muitos venezianos evitam passar entre as colunas.




Apesar da bela arquitetura, o mais legal da praça são as procuradorias, onde por trás dos arcos estão diversos restaurantes, cafés e lojinhas. 




Em Veneza, é tradição as noivas passearem na piazza.




Dentre os cafés/restaurantes os destaques são os históricos Caffe Florian (Procuretie Vecchie) e o Quadri (Procuratie Nuove). A noite, há "orquestras" nos dois onde se pode sentar para ouvir O Sole Mio e experimentar o Spritz (drink típico com Campari).


Caffe Quadri
Sugiro, antes de acabarem passeio, que façam o tour acima. São imperdíveis: a Ponte dei Sospiri e as lojas da Calle Larga XXII de Marzo e nas Marzarias.




C = Ponte della Paglia na Riva degli Schiavoni,
melhor lugar para fotografar a Ponte dos Suspiros


Dicas para almoço na região:

Anima Bella - Calle Fiubera, 956
Le bistrô de Venise – Calle dei Fabbri


A = Marzaria de l'Orologio, B = Calle Fiubera, C = Calle dei Fabbri,  D = Palácio Contarini del Bovolo no Campo Manin,G = Teatro Goldoni, I = Palazzo Bembo

Abraços!!

2 comentários:

  1. Veneza me impressionou muito, muitíssimo! Engraçado, no entanto, que a Piazza San Marco me decepcionou. As imagens que eu vi, muitas vezes, antes de lá chegar mostravam-na mais grandiosa do que ela é na verdade.

    Tem uma cena espetacular da praça no filme A Juventude de Paolo Sorrentino: de novo, mais extraordinária do que ao vivo.

    De qualquer forma estando em Veneza não podemos ignorar e nem dar as costas nem a famosa piazza e nem aos seus ícones, aliás muito bem descritos por você. Me senti lá novamente. :)

    Ana (https://espiandopelomundo.blogspot.com.br/)

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    1. Pois é, Ana. Tem gente q não gosta de Veneza. De fato, ela não tem nada daquele ar romântico q vemos nos filmes. Mas, achei o máximo o seu glamour decadente. Quanto a piazza, gostei muito dos seus sons e de me sentar em seus cafés. Sabe me senti na telins. Rs! Como fui no inverno, ela não estava lotada e nem havia mts pombos. Acho q por isso curti. No entanto, achei q a verdadeira Veneza está do outro lado do canal. Qq dia escrevo sobre isso... Beijo grande! A propósito estou escrevendo sobre Il Campo em Siena, gostei tanto do seu post que resolvi fazer um resumidonho. Parabéns!

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