Muitas pessoas me perguntam por que resolvi ir a Polônia. As razões são diversas, mas acho que uma foto da Mina de Sal Wieliczka já serviria de resposta.
Wieliczka é uma pequena cidade do sul do país, que fica a 13km do centro de Cracóvia. E, sua maior atração é a Mina de Sal, que, em 1978, foi declarada, pela UNESCO, Patrimônio Mundial da Humanidade.
Quando se pensa em uma visita a uma mina de sal, logo se imaginam estalactites, escorregas ou trenzinhos, capacetes, etc. Bem, em Wieliczka a "história" é outra. Mais bacana e até onde eu sei única no mundo. Vamos ver...
A Mina de Sal Wieliczka, que começou a ser explorada no século XIII, é a empresa mais antiga da Polônia. Tendo cessado as operações de mineração em 1996 e, em seguida, sua produção de sal de mesa em 2007, foi uma das mais antigas minas de sal em operação contínua no mundo. Hoje, recebe mais de um milhão de visitantes por ano, o que ajuda a empregar, ainda, cerca de 200 mineiros. Na verdade, os tours da mina começaram já no século XIV. Um livro de visitas, que é usado até hoje, inclui as assinaturas de Copérnico, Goethe, Frederic Chopin, do Papa João Paulo II, do ex-presidente George W. Bush, e o meu.
Ela tem uma profundidade de 327 metros e um comprimento de mais de 300 quilômetros de galerias, ao longo das quais há câmaras e capelas com belas figuras esculpidas que ilustram a história da mineração do sal. Figuras feitas com...SAL!!
Pode-se escolher entre diversos tipos de visitas. Todas guiadas, pois segundo a guia: “Só nós sabemos como sair, você tem que me seguir ou vai se perder e não vai sobreviver”. A mais frequentemente escolhida, e que eu indico, é a Rota Turística. Nela, descobre-se a interessante história da mina e passeia-se através de 3,5 quilômetros de galerias ao longo das quais se veem 23 câmaras (das mais de 2 mil) e 3 andares (dos 9 andares da mina), com: lagos subterrâneo, antigas ferramentas, máquinas e diferentes baixos-relevos.
Há outras alternativas disponíveis para pequenos grupos, como: a rota dos mineiros, a dos peregrinos, uma visita especial para as famílias, e uma visita que revela os mistérios da Mina Wieliczka. Pode-se, ainda, passar a noite como parte de um grupo, e as excursões escolares oferecem atividades como tênis, sala de leitura e dança em uma discoteca. E, tem também um spa.
O diplomata sueco Lars von Engelström escreveu, em1790: “As gravuras e imagens mais esplêndidas nunca podem refletir adequadamente o tamanho e a natureza dessas minas. As paredes, cortadas em sal, brilham quando iluminadas por um feixe de luz como se fossem de cristal”.
Após a descida, em uma das primeiras câmaras, ouve-se sobre a lenda da
mina.
A lenda:Diz-se que a mina foi descoberta “por acaso”. No século XIII, a princesa húngara Kinga, filha do rei húngaro Béla, foi prometida ao príncipe de Cracóvia, Boleslaw V. Como dote de casamento, seu pai ofereceu-lhe muitas joias e pedras preciosas, mas a princesa recusou tudo e pediu apenas sal, um bem essencial na época e bastante caro. O pai ofereceu-lhe então a mina de Máramaros. Kinga para agradecer o presente, atirou para dentro da mina o seu anel de noivado. Tempos mais tarde, já na Cracóvia, decidiu dar um passeio pela zona da Wieliczka. A determinada altura pediu aos seus acompanhantes que cavassem um buraco fundo até encontrarem uma rocha. Eles cavaram e, qual não foi a surpresa, quando encontraram um grande torrão de sal, e dentro dele estava o anel de noivado!. Este sinal foi tido como divino, e assim nasceu a mina de sal de Wieliczka. Kinga foi santificada em 1999, e é a santa padroeira da Polónia, da Lituânia, e dos mineiros.
O passeio segue por diversas câmaras, onde "bonecos" ajudam a criar uma ideia de como era a vida na mina.
O sal-gema é naturalmente cinza, em vários tons,
lembrando granito não polido, em vez do aspecto branco ou cristalino que muitos
poderiam esperar.
Havia 100 cavalos utilizados durante as operações de mineração (foram para 4 após a Segunda Guerra Mundial).
Devido à logística de colocar os cavalos nos túneis, eles muitas vezes passavam a vida inteira no subsolo. No entanto, eles eram tratados como a realeza e até tinham trabalhadores específicos dedicados à sua saúde e bem-estar. Se um cavalo fosse ferido, ou mal guardado, as consequências para os trabalhadores responsáveis eram terríveis.
O último cavalo foi usado até 2002.
E, assim, vamos descendo cada vez mais...
Durante a Segunda Guerra Mundial, os poços foram usados pelos alemães como uma instalação para várias indústrias relacionadas à guerra.
Até mesmo os cristais dos candelabros são feitos de sal que foi dissolvido e reconstituído para obter uma aparência transparente.
Enfim, chega-se ao ápice do passeio, a Catedral de Sal ou Capela de St. Kinga.
Com o tamanho da metade de um campo de futebol, 54 metros de longitude, a catedral levou quase 70 anos para ser construída. Mineiros devotos, trabalhando em condições perigosas, começaram a esculpi-la em 1896, e, nos anos seguintes, criaram as paredes repletas de baixos-relevos religiosos, incluindo uma réplica de "A Última Ceia", de Da Vinci, esculpida no sal-gema.
Até o altar é um bloco de sal primorosamente esculpido.
"A Última Ceia"
Esculturas em tamanho natural das figuras mais importantes da Polônia foram esculpidas em detalhes, uma delas do filho mais sagrado do país, o Papa João Paulo II.
O lago mais profundo que podemos ver no itinerário tem 9 metros de profundidade e está a mais de 100 metros de profundidade.
A zona mais alta em que os turistas entram é a Câmara de Stanislaw Staszic, com 36 metros de altura, onde fica o café. Está inscrita no Livro de Recordes do Guinness porque aqui dentro foi realizado o primeiro voo subterrâneo de um balão de ar quente.
Momento para reflexão ouvindo a música de Chopin acompanhada de um espetáculo de luz às margens de um dos lagos salinos.
Endereço: Daniłowicza 10.
Como chegar: você pode ir em uma excursão, de carro, ou de ônibus. Mas,
acho que a forma mais simples e barata é de trem. Partindo da estação central
da Cracóvia (Kraków Glówny), peguem o trem para Wieliczka Rynek Kopalnia, da
Malopolskie. Existem partidas, em média, de hora em hora. Pode-se pagar a
passagem a um funcionário no interior do trem. Há máquinas que vendem
passagens, mas ela só aceita cartão de crédito dos locais. Preço: 5 zl. O
ponto da mina é o último. A viagem dura cerca de 25 minutos.
Horário de funcionamento: de 1 de abril a 31 de outubro das 7:30-19:30h/de
2 de novembro a 31 de março das 8-17h. Há tours em inglês a
praticamente cada meia hora. Mas, mesmo no inverno sugiro que comprem o
ingresso com antecedência no site. Sugiro o horário de 10:30h, assim podem
acordar com calma e pegar o trem das 09:05h. Na hora, do almoço, já estarão de
volta à Cracóvia.
Preço da visita guiada (Rota Turística): no
verão 94 zl, no inverno 89 zl.
Imperdível!!
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