Casa Vicens: a primeira e mais encantadora dentre as obras de Antoní Gaudí
Barcelona nos remete obrigatoriamente as
obras do arquiteto Antoní Gaudí. Parque Güell, Sagrada Família, Casa Batlló e
La Pedrera são visitas obrigatórias. A novidade é que, em novembro de 2017, a
primeira obra desse gênio modernista reabriu a visitação. Bem vindos a Casa Vicens!
A história
da casa:
A Casa
Vicens esta intimamente relacionada à expansão urbana de Barcelona. Em 1883,
apenas cinco anos após ter concluído a escola de arquitetura de Barcelona, Gaudí,
na ocasião com apenas 31 anos, recebeu do agente da bolsa de valores, Manuel
Vicens, a tarefa de construir essa que seria uma casa de veraneio. Localizada no
bairro de Gràcia, que na ocasião era a Vila de Gràcia (um município
independente de Barcelona), a mesma ficou pouco tempo nas mãos dessa família,
já que a Casa Vicens foi finalizada em 1888 e o patriarca veio a falecer sete
anos depois.
Assim, a casa
foi vendida a um médico barcelonês e passou a ser sua residência fixa. Nos anos
1920, os proprietários (família Jover) solicitaram a Gaudí que a ampliasse. Ele
não o fez. Indicou para tal Joan Baptista Serra de Martinez. Nesse momento, a Casa
Vicens passou a ser uma residência plurifamiliar. Ou seja, três moradias passaram
a ocupar a mesma planta. Todavia, todos os detalhes, azulejos e o estilo
original de Gaudí foram respeitados.
Em 1993, A Casa Vicens foi nomeada Patrimônio Histórico. Em 2005, foi tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. Em 2007, foi leiloada pelo valor de €35 milhões, e em 2014 foi adquirida pelo banco andorrano Morabanc Grup. O gigantesco espaço passou, então, por uma grande reformulação. Tal projeto de restauração, tocado a partir de abril de 2015, ficou a cargo dos escritórios de arquitetura Martínez Lapeña-Torres Arquitectes S.L.P. e Daw Office S.L.P. Ao todo foram gastos quatro milhões e meio de euros no restauro.
Em 1993, A Casa Vicens foi nomeada Patrimônio Histórico. Em 2005, foi tombada pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade. Em 2007, foi leiloada pelo valor de €35 milhões, e em 2014 foi adquirida pelo banco andorrano Morabanc Grup. O gigantesco espaço passou, então, por uma grande reformulação. Tal projeto de restauração, tocado a partir de abril de 2015, ficou a cargo dos escritórios de arquitetura Martínez Lapeña-Torres Arquitectes S.L.P. e Daw Office S.L.P. Ao todo foram gastos quatro milhões e meio de euros no restauro.
A fachada
Na época, Gaudí ainda buscava seu próprio estilo e essa obra tem uma forte inspiração oriental e do mudéjar.
A Casa Vicens é uma colagem de estilos bem diferentes, sendo toda ela uma ruptura de estilo.
As janelas parecem de casas japonesas tradicionais.
A estrutura do edifício é dominada por linhas retas
e o edifício tem diferentes volumes separados por ângulos num conceito oposto
ao de La Pedrera, onde predominam as linhas onduladas.
Os detalhes em azulejo e pedras baratas são os grandes protagonistas na construção e nas fachadas.
A visita
A visitação tem inicio no andar térreo, onde
se pode “scanear” um “símbolo” no celular e depois seguir o tour com audioguia.
No piso subterrâneo, há a loja/livraria especializada e os banheiros.
Ainda, no primeiro piso, ficam os guarda-volumes e no final do jardim está
localizado o Café Hoffman.
O tour, em si, tem inicio no terraço-jardim
nos fundos do terreno. O jardim atual é o resultado da reflexão e de um estudo
detalhado do ambiente inicial da Casa Vicens, concebido por Gaudí, e dos
jardins daquela época. Assim, foi possível recriar e propor esse projeto com palmeiras, trepadeiras, magnólias, rosas, entre outras espécies de
plantas da época.
Como é típico do modernismo, do teto ao chão, a casa é decorada com padrões da natureza, com animais, flores e folhas. Todavia, os elementos naturais não estão presentes na estrutura da casa em si. Como a ideia de Gaudí era trazer a natureza para criticar a industrialização massiva da época, em suas obras posteriores a arquitetura é mais elaborada.
Grande destaque merece uma varanda coberta
por uma interessante persiana amarela. Projetada por Gaudí, seu fim era gerar
mais ventilação e iluminação dentro da casa.
A imagem de Santa Rita, do templo construído
em 1927, está localizada em um nicho construído no jardim. Desse modo, todo dia
22 de maio se pode participar de uma missa em homenagem a Santa Rita e a benção
das rosas, uma tradição que faz parte da história da casa e do bairro de Gràcia.
O portão chama a atenção do visitante. Segundo contam, o terreno tinha uma palmeira de palmito, cujas folhas inspiraram o desenho desse lindo portão de ferro forjado.
Com quatro pavimentos e estilo orgânico, a
construção tem no piso térreo um de seus espaços mais importantes. Nele o
arquiteto projetou uma conexão entre o interior e o exterior da casa. Assim, permitiu-se
que o jardim “entrasse” nas salas de jantar e estar, que, por sua vez, são
adornadas com representações de plantas e pássaros.
Antes de começar o projeto, Gaudí fez várias visitas ao terreno para
estuda-lo melhor. Foi quando se deparou com várias flores “Marigold” (no
Brasil, chamada de calêndula) espalhadas por todo o lugar. Daí surgiu uma
excelente ideia. Ele decidiu usar essa flor como decoração dos azulejos em
várias partes da casa, mantendo, assim, a característica do local.
O portão chama a atenção do visitante. Segundo contam, o terreno tinha uma palmeira de palmito, cujas folhas inspiraram o desenho desse lindo portão de ferro forjado.
O térreo abrigava as dependências diurnas:
uma sala de jantar como espaço central e ao redor dela a galeria, uma sala para
fumantes e o espaço do corredor.
A sumptuosa sala de jantar é a mais marcada
pela Arte Nova. Os espaços entre as vigas de madeira do teto são preenchidos
por preciosos trabalhos em estuque que representam ramos de cerejeira. Já, as
paredes, em tons de castanho quente, são decoradas com arabescos de hera, e as
madeiras dos vãos das portas são pintadas com motivos de pássaros. Somados a lareira,
coberta com azulejos, compõem uma verdadeira obra de arte.
O jovem arquiteto concebeu seu projeto como um
todo, no qual o interior e a natureza ao redor se uniram em harmonia, dando aos
espaços um nível de conforto muito avançado para a época.
Na galeria, estão expostos lindos móveis de
madeira originais projetados por Gaudí, além da coleção com 32 pinturas de
Francesc Torrescassana.
Varanda
Primeiro andar
Exposição temporária
Os cômodos privativos e mais íntimos da
família Vicens se localizavam no primeiro andar: dois quartos, o banheiro e uma
sala de estar.
No quarto, a decoração nas travessas de
cerâmica do teto reproduz um repertório de galhos feitos com papel machê
prensado e policromado em verde. As paredes são cobertas por uma camada de
estuque que simboliza juncos, de um lado, e samambaias, do outro. Curiosamente,
todas as plantas representadas no estuque da casa foram encontradas por Gaudí
na torrente das Cassoles, localizada ao lado da Casa Vicens.
Amei o banheiro!
A atual configuração da Casa Vicens e sua
propriedade é o resultado das várias mudanças e transformações sofridas ao
longo de sua história, formando três espaços claramente diferenciados: a
construção original de 1883-1885, de Antoni Gaudí; a extensão realizada em 1925
por Joan Baptista Serra de Martínez; e o jardim ao redor. No segundo andar, uma
exposição permanente apresenta aos visitantes todos os detalhes da construção e
restauração da casa.
O terraço da casa é um dos grandes destaques da
casa. Apesar de ser mais simples que os terraços da Casa Batlló, da La Pedrera e
do Palau Guell, suas torres e chaminés lembram à arquitetura do Alhambra, em
Granada.
A casa abre diariamente e oferece três opções
de roteiro de visitação. O valor dos ingressos varia de 16 a 19 euros. Idosos,
crianças e portadores de deficiência pagam valores diferenciados.
Endereço: Carrer de les Carolines, 20-26.
Transporte público:
- Metrô: parada Fontana (L3), parada Lesseps (L3);
- FGC: parada Gràcia (L6, L7, S5, S55, S1, S2);
- FGC: parada Pl. Molina (L7);
- FGC: parada Sant Gervasi (S5, S55, L6);
- Ônibus: linhas 22, 24, 27, 87, 114, H6, V17, D40, N4.
Conclusão: acho que essa foi a casa que mais
gostei de Antoní Gaudí. Tantas cores e esse ar mediterrânico me encantaram!



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