24 horas em Lugano, na Suíça italiana
Lugano, a principal cidade do Ticino (“Cantone” suíço), é uma cidade de língua italiana com um mix de culturas suíça e mediterrânea, muito parecida com o da região da Lombardia, na Itália. Essa mistura é refletida em sua arquitetura e gastronomia. A cidade fica na costa norte do lago glacial Lugano, cercada por montanhas e aos pés do monte San Salvatore. Sua praça principal, a Piazza della Riforma, é rodeada por palácios neoclássicos em tons pastel. Ademais, com cerca de 30.000 habitantes, abriga todos os grandes bancos suíços e organizações financeiras internacionais. Repleta de charme e com moradores mais relaxados e falantes que o suíço tradicional, é um ótimo destino para explorarmos.
Vamos ao nosso roteiro de 24 horas...
Vamos começar na estação de trens. Antes de sair, dê uma passada no escritório de Turismo de Lugano e pegue um mapa grátis da cidade. Bem na frente da estação, tem uma ponte com a indicação “Centro città”. A atravesse e desça a rampa. Chegando no final desta, vire para o lado direito, a poucos metros está a Catedral de San lorenzo (Via Borghetto 1).
Siga pela Via Cattedrale, cheia de lojas, até a Piazza Cioccaro, na base do funicular que liga a estação ferroviária ao centro da cidade. De costas para o funicular, desça a rua estreita à direita do edifício, na parte inferior da praça, até a Via Pessina. Neste cantinho colorido há várias pequenas lojas de delicatessen administradas pelo signor Gabbani. Com uma história de mais de 70 anos, a Gabanni HH (Via Pessina 12) serve produtos típicos locais (queijos, pães, salame e vinhos). Pare se quiser provar a tradicional torta de pão, o doce típico de Ticino. No final da tarde, o bar se transforma em uma das happy hours mais agitadas da cidade.
Via Pessina, a rua gourmet de Lugano, que concentra vários cafés, docerias e restaurantes.
Vire à direita e à sua direita, na Via Pessina 3, encontre o Grand Café al Porto. No passado, um convento (observe a fina fachada de sgraffito), o café evoca os dias do século XIX, quando Giuseppe Mazzini e outros patriotas italianos se amontoavam aqui planejando sua próxima jogada para unificar a Itália. Muito mais tarde, quando a Segunda Guerra Mundial terminou, o oficial de inteligência dos EUA Allen Dulles (futuro chefe da CIA) se reuniu, nele, com representantes nazistas e italianos para impedir que os alemães arruinassem a Itália. Em tempos mais despreocupados, Clark Gable e Sophia Loren também o frequentaram. Parte da decoração do convento continua visível no seu piso superior e o 1803 acima da lareira é a data de abertura, e também de quando Ticino se juntou à Federação Suíça.
| encante-se com uma das vitrines de doces mais caprichada da cidade |
Depois do Grand Café, vire à esquerda na fonte para alcançar a animada Piazza della Riforma, a “sala de estar” de Lugano. Com gerânios em cascata por todos os lados, a praça tem um cinema ao ar livre e mercados às terças e sextas de manhã. Ela abriga o “Palazzo Civico” (a prefeitura), um prédio ornamentado com esculturas neoclássicas. Dentro da prefeitura, com entrada pelo lado do lago, há mais um escritório de Turismo e no seu entorno existem vários barzinhos e restaurantes.
Palazzo Civico
De frente para a prefeitura, vire à esquerda 90 graus e caminhe (entre a farmácia e o prédio do banco branco) até a Via Canova. No passado, as arcadas da Via Nassa e da Via Canova eram utilizadas pelos pescadores para estender suas redes e pelos artesãos para executar e expor seus trabalhos. Logo depois, à sua direita, passa-se pelo Palazzo Reali (Via Canova 10), que exibe exposições de arte dos séculos XIX e XX. E, chega-se a Chiesa di San Rocco que foi erguida em 1592 sobre as ruínas de uma igreja dedicada a San Biagio. Sua fachada neobarroca data de 1909-10. A parte interna é caracterizada pelas paredes e teto com afrescos de cenas relacionadas à vida dos Santos Rocco e Sebastião.
Antes de chegar no Quartiere Maghetti, repare no Cine Iride, um cinema histórico de Lugano. Ele não apenas exibe filmes, mas também tem um importante objetivo cultural e social.
As origens do Quartiere Maghetti remontam a duas doações: a feita por Angiola Maghetti em março de 1828 e a de seus pais em agosto de 1830. Em 1916, foi reconhecida como Fondazione Orfanotrofio Maghetti, “com o objetivo de proporcionar aos pobres órfãos de Lugano uma educação profissional”. No dia 6 de abril de 1902, o oratório foi aberto graças à generosidade de Canon Andrea Primavesi, diretor da Ópera Pia Maghetti, que disponibilizou os quartos e o amplo pátio para a fundação. Em 1981, foi demolido para dar espaço ao novo Quartiere Maghetti. No dia 12 de outubro de 1984, em substituição ao “velho Maghetti”, após uma reforma total do prédio, nasceu um centro completamente novo, com apartamentos de luxo, lojas, boutiques, jardins, bares e restaurantes. O Quartiere foi revisitado pelo estúdio de arquitetura Mendini, de Milão, no final dos anos 90, e essa reforma lhe deu uma expressão social e urbanística única. Aproveite e pare no -9 Gelato Italiano (Via al Forte 4).
Passe pela Piazza Indipendenza, com a cabeça gigante do escultor polonês Igor Mitoraj, que decorou praças de toda a Europa com esculturas semelhantes. E, é hora de visitarmos o Parco Ciani, com 63.000 metros quadrados de vegetação. A peça central do parque, a Villa Ciani, abriga um museu de artes plásticas. O parque oferece caminhos longos e arborizados, canteiros de flores e fontes. O jardim está repleto de árvores típicas da região de Ticino: bordo, limão, carvalho e plátanos. Além disso, o Museu de História Natural também está localizado dentro do parque, assim como a Biblioteca Cantonal.
Os canteiros são organizados para mostrar a máxima cor durante o ano todo.
Seu famoso portão evoca o século XX, quando este era o domínio privado dos aristocratas.
Caminhando pela orla do lago de Lugano, à direita, está o cassino. Entre no elevador panorâmico e tome um drinque no restaurante do último andar. São belas, e gratuitas, as vista do lago.
A orla do lago de Lugano tem quase 2 Km. Caminhe com calma, você passará por vários lugares para alugar pedalinhos, até chegar ao deque de embarque da Società di Navigazione Lago di Lugano. Neste ponto, olhe do outro lado do lago para a vila aglomerada em torno de um imenso edifício em blocos de cor areia. É o Casinò di Campione, o maior cassino da Europa, que goza de privilégios legais especiais, concedidos por Mussolini. Ele domina a Campione d'Italia - um pequeno enclave da Itália cercado pela Suíça por todos os lados; os residentes usam francos suíços, têm números de telefone e matrículas suíças e pagam impostos suíços ... mas carregam passaportes italianos.
Retorne a Piazza della Riforma e siga para a Via Nassa, uma das principais ruas comerciais de Lugano. Curta as chiquérrimas vitrines das boutiques e joalherias sob as arcadas típicas da Lombardia.
Quando ver a loja de departamentos Coop (Via Nassa 22), entre. Ela tem uma boa seleção de chocolates, um supermercado no subsolo, e uma cafeteria no último andar com excelentes vistas. Aproveite para fazer uma “boquinha”.
A próxima parada é na Chiesa San Carlo Borromeo (Via Nassa 28).
O que resta do edifício do Hotel Palace, que no passado teve uma grande reputação por ser considerado o mais luxuoso da cidade.
E, chega-se a Chiesa Santa Maria degli Angioli (Piazza Bernardino Luini 6), a pérola da cidade. Olhando sua fachada, você não vai dar nada por ela, mas quando entrar na igreja, que data de 1499, se prepare para descobrir um mundo maravilhoso de afrescos. “A Paixão e a Crucificação de Cristo”, o destaque artístico de todo o Ticino e o melhor afresco renascentista da Suíça, fica na parede que separa a nave da área do altar. O milanês Bernardino Luini, que o pintou em 1529, às vezes é chamado de "Rafael do Norte" pelas expressões gentis e a calma beleza de sua arte. Ele passou uma década trabalhando nesse afresco, aplicando suas tintas dia a dia, uma seção de cada vez, sobre finas camadas de gesso úmido.
Siga a ação enquanto as cenas da Paixão de
Cristo são exibidas, de Jesus sendo coroado de espinhos (esquerda) até o
apóstolo duvidoso, Thomas, tocando a ferida de Jesus após sua ressurreição
(direita). Todo o trabalho é repleto de simbolismo. Por exemplo, na base da
cruz, observe o crânio e o fêmur de Adão, bem como sua costela (a partir da
qual Eva foi criada). Os adoradores viram isso e lembraram que, sem o primeiro
pecado de Adão e Eva, nenhuma das ações terríveis no restante do afresco seria
necessária.
Uma curiosidade: Luini pintou a si próprio
montado num cavalo no centro da pintura, e pintou seu mestre Leonardo Da Vinci
montado em um burrico.
De frente para o afresco gigante, olhe para a
esquerda e encontre os três quadros menores. Esta é a Última Ceia de Luini, que
foi cortada em uma parede do refeitório dos monges e colocada em tela para ser
pendurada ai. Por fim, caminhe até a frente da igreja. O altar é rico e incomum
com seu trabalho de madeira.
Mosteiro onde está o Museo di Santa Maria degli Angioli.
Agora, repare, ou entre, no LAC Lugano Arte e Cultura (Piazza Bernardino Luini 6), o moderno Centro Cultural da cidade.
Agora é hora de passear no Giardino Belvedere, um
parque encantador, com uma área de 11.000 metros quadrados, que também é um
museu de arte moderna ao ar livre. Há várias esculturas de artistas famosos da
região do Ticino: Max Bill, Jean Arp, Piero Travaglini, Nag Arnoldi e Remo
Rossi. Caminhe no “Lungolago” com calma e capriche nas fotos. Paradiso, a
grande zona hoteleira com sua fonte de 80 pés de altura, fica a 15 minutos a pé
desse ponto. A partir daí, o funicular de San Salvatore (descrito a seguir) leva
os turistas até o cume. A cordilheira do outro lado do lago marca a fronteira da Itália.
Mas antes de subir o Monte San Salvatore, vamos fazer um passeio de barco até Gandria (7 Km de Lugano), uma vila pequenina pendurada nas encostas do lago Lugano. Embarque às 13:22h. Almoce na Locanda Gandriese.
Retorne no barco das 16:03h, que chega em Paradiso
às 16:43h. Uma vez em Paradiso, caminhe até o funicular San Salvatore, suba
até o cume da montanha, desça e caminhe ao longo
do lago de Paradiso de volta ao centro.
Detalhes sobre esses passeios aqui.
Assista
ao pôr do sol no Mojito Tropical Lounge (Riva Giocondo Albertolli 1). E, encerre sua estádia com um jantar no Bottegone
del Vino (Via Massimigliano Magatti 3).
Abraços!


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