Um roteiro por Tirano, a cidade de onde parte o Bernina Express
Tirano é uma pequena cidade alpina, localizada na Província de Sondrio, Lombardia. Situada a 55 km de Saint Moritz, ela fica na região do Vale de Valtellina. Valtellina é conhecida por suas belas paisagens, rica história, vida cultural e artística intensa, além da enogastronomia apurada.
Leonardo da Vinci e Ludovico Sforza já caminharam por essas ruas. Alias, foi Sforza, também conhecido como Il Moro, quem mandou amuralhar a cidade no final do século XV.
Tirano, em 2010, recebeu a classificação de “Cidade do Vinho”, ademais foi considerada a “Cidade europeia para esportes” em 2017. Apesar de todos esses predicados, ela é mesmo famosa entre turistas por ser de onde a cidade de saída, e chegada, do trem panorâmico Bernina Express (Patrimônio Mundial pela UNESCO). Sendo assim, muitas pessoas ficam apenas um pequeno tempo na cidade. Em geral, elas vêm de Milão, almoçam e já embarcam no Bernina Express. Acho um erro. Como vocês verão neste post, a cidadezinha é pequeno tesouro. Calma e quase provinciana, apesar de cheia de estabelecimentos e com moradores super elegantes, afinal é norte da Itália, Tirano é um lugar perfeito para se passar uma tarde agradável e uma noite relaxante. Acho ótimo incluí-la no seu roteiro corrido...
Tirano está a 420 metros acima do nível do mar, e já fez parte do cantão dos Grisões e Graubünden.
Sua posição geográfica estratégica, fez com que ao longo dos anos, desde Carlos Magno, ela fosse cobiçada, invadida e ocupada por vários povos. O que explica os vários estilos arquitetônicos de seus edifícios e sua riqueza cultural.
O Vale da Valtellina possui muitos produtores
de vinhos. E, vinhos dos bons. Logo, na sua estadia, não deixe de experimentar
o encorpado vinho regional, cujos estaques são: o Sassella, o Inferno, o
Grumello e o Sforzato DOCG.
Também é uma característica da região a boa
gastronomia, sendo o prato mais tradicional a “frittele di grano saraceno“, que
é um tipo de panqueca, cozinhada em panela de ferro, com filetes de queijo das
montanhas derretido por cima. Outros pratos/produtos típicos são a Bresaola, os
queijos com leite de vaca tipo Valtellina Casera e as massas à base de trigo sarraceno
(de cor escura), como a Pizzoccheri alla valtellinese. Querem dicas?
Experimentem os pratos italianos típicos de regiões alpinas, como: a Sciatt, uma
espécie de bolinho de queijo frito (feitas com o trigo sarraceno) servido sobre
uma cama de chicória; o Tzigoiner, que são fatias finas de carne, feitas na
brasa, enroladas em um espeto de madeira..
13:30h - Almoço no Merizzi Caffè, um agradável bistrô com um varadão onde se servem pratos contemporâneos preparados com muito esmero. O Merizzi é também um B&B que tem uma suíte com uma bela vista panorâmica. Recomendo que façam reservas, pois fica bem cheio na hora do almoço.
14:30h - Depois do almoço, ande cerca de 10 minutos pela parte nova da cidade até o Escritório de Turismo do Vale da Valtellina, na Via Maurizio Quadrio, 11.
Ainda antes de entrar na parte antiga da cidade, já se pode apreciar o primeiro palazzo. O Palazzo Quadrio-Foppoli (Via Maurizio Quadrio 4), do século XVI, possui com um grande portal em pedra redonda e cursos de cordas em grandes espirais semelhantes a grafites. Atualmente é propriedade do Município de Tirano e abriga a sala de exposições cívicas. Entrem para admirar o seu pátio interno com e a Sala del Camino.
Atravesse a ponte sobre o Rio Adda e adentre a parte antiga da cidade. Logo, verão a Porta Poschiavina uma das três portas da cidade ainda existem, assim como a Porta Bormina e a Milanese. Elas fazia parte da muralha de proteção e dava acesso à cidade, no século XV. Fotografem o Palazzo Pretorio (Largo Pretorio 2), entrem na Via Ligar e a direita se encontra o Palazzo Mazza Venosta (Via Ligar 5), do século XVI, cujos destaques são: os pisos de pedra e os tetos do barril do piso térreo; os grandes quartos no primeiro andar com abóbadas de guarda-chuva e tetos de madeira do século XVII.
A seguir se avista o Palazzo Lazzaroni-Lambertengh, do século XV. Ele pertenceu à família Lazzaroni e, muito tempo depois, passou a ser propriedade da família Lambertenghi. Hoje é um hotel e uma espécie de museu que pode ser visitado de maio a outubro, às sexta-feiras e sábados das 10 às 12:30h e das 14 às 16h. Tours a cada 30 minutos, por 6 euros.
Na Via Salis 3, se localiza o Palazzo Salis, cuja vista é um must do. Detalhes neste post.
Depois da visita, percorram a Via S. Carlo,
fotografem a bela Fontana di San Carlo (Via S. Carlo 34) e a não menos
interessante Porta Bormina.
Na Via Visconti Venosta, os destaques são:
- O Palazzo Andres Giacomoni (Via Visconti Venosta 5), do sec. XVI;
- O Palazzo Visconti Venosta (Via Visconti Venosta 2A) com um belo portal barroco.
Na Via XX Settembre 52, se localiza o Palazzo Omodei-Pradella Noli. Mais a frente, alcança-se o Palazzo Merizzi (Via Torelli 32), do final do século XVII. Graças à disponibilidade da Família Merizzi e em colaboração com a Administração do Município de Tirano, o seu pátio pode ser visitado. Nele, também ocorrem concertos, exposições e shows. O lindo pátio tem arcadas e loggias que foram construídas no século XVIII. As quatro cabeças das loggias leste e oeste são decorados com os seguintes quatro brasões: um da família Merizzi, três das nobres mulheres Maria Venosta de Tirano (o prédio onde ela nasceu agora é o Andres); Caterina Grana (o edifício nativo é agora o Pievani Arcari) e Anna Maria Lucini. Reparem, ainda, no teto das varandas do segundo andar com lindos afrescos. As visitas guiadas ocorrem às sextas as 11h e aos sábados as 17 e 18h.
Vejam a Casa Lantieri (Via Torelli, 17) e caminhem para a Piazza S. Martino. Visitem a Collegiata di San Martino di Tirano, que é uma paróquia do século XIII.
Continuando-se o passeio, chega-se a Casa Quadrio e Corte dei Tre Portali (Via della Repubblica 33), e mais a frente a Torre Torelli (Via della Repubblica 40).
Sigam a Via Porta Milanese para checarem a... Porta Milanese. De volta a parte nova da cidade passeie pela Viale Italia cheia de cafés com mesinhas nas calçadas, elegantes vitrines, e bancos onde se pode descansar um pouco. Minha recomendação é que parem na Gelati Toldo dal 1925 (Viale Italia 24) para comprar um dos melhores gelatos da cidade. Continue a sua caminhada e cerca de vinte minutos depois, chegarão a Piazza Della Basilica.
Seu grande destaque é o Santuario della BeataVergine di Tirano. Em 29 de setembro de 1504, a Virgem Maria apareceu para Mario Omodei e pediu para que fosse construído um templo dedicado a ela neste ponto. E assim foi, a construção da basílica de iniciou em 1505, e a obra foi concluída em 1513. Sua consagração foi em 1528. E, quase desde sempre ela faz parte de um trajeto de peregrinação. O auge da visitação ocorre anualmente em 29 de setembro quando se comemora a Festa da Aparição.
Ela é muito bonita, alias como quase todas as grandes igrejas da Itália. No seu interior, destacam-se: o órgão barroco, datado do século XVII, suportado por 8 pilares de mármore vermelho; o domo do século XVI.
A praça da Igreja é muito bonitinha e é bem interessante se sentar em dos seus bares para se tomar uma cervejinha e apreciar as diversas cidadezinhas nos morros, da Chiesetta medievale di S. Perpetua. Quem quiser pode vistar essa igrejinha medieval, do século X, localizada na entrada do Vale de Poschiavo. Ela é interessante pela estrutura arquitetônica e pinturas com traços bizantinos, que representam os apóstolos.
Antes de retornarem para o seu hotel, não deixem de vistar o Museu Etnográfico (detalhes neste post),
As atrações:
Por falar em hospedagem, já citei o B&B Merizzi. Nas duas noites que passei na cidade, a suite já estava reservada. Então, optei pelo Bed and Breakfast Sweet Home (Viale Italia 107). Gostei muito e recomendo. A dona é extremante simpática e solicita. Me deu mapas, folders e várias dicas de restaurantes e afins. O quarto é bastante amplo e muito bem decorado. Apesar de o banheiro ser externo, era apenas para o meu uso. Há uma sala com televisão e uma cozinha com geladeira, micro-ondas, cafeteira, etc. Tem, ainda, uma grande varanda de uso coletivo. Bem, legal para se sentar, relaxar e apreciar o Bernina Express indo e vindo.
As vistas da minha varanda.
Onde comer:
O melhor restaurante da cidade é o Parravicini Restaurant e Wine Bar. A decoração alem de bonita é super aconchegante. O atendimento não poderia ser mais atencioso. Quanto a comida e os vinhos... Bem, basta dizer que sonho com aquele jantar até hoje. Ele funciona segunda e de quarta a sexta-feira das 11:30–14:30h e das 18–23h; aos sábados fecha as 23h.
Outro excelente restaurante é o do Hotel Bernina (Via Roma 24) perto das estações de trem. O ambiente é agradável e aconchegante. São servidos uma grande variedade de pratos típicos de Valtellina, além de cozinha italiana e pizzas.
E, para aquele último drinque ou um aperitivo? De novo, o Merizzi é uma opção, mas o point é o Caffe' Novecento (Viale italia 39). Ele abre segunda-feira das 07–00h, as terças das 07–14h; de quarta a sexta das 07–00h; aos sábados das 07:00–01:30h; aos domingos das 07:00–00:30h.
A minha sugestão é que passem duas noites na cidade. No dia da chegada, sigam o roteiro acima. No dia seguinte, tomem café-da manhã no Café Merizzi (Huumm, muito gostoso) e embarque a seguir no Bernina Express até St Moritz (detalhes aqui). No dia seguinte, peguem o trem (atenção: não na mesma estação do Bernina) para Milão. A viagem dura 2:30h e o trem vai boa parte do trajeto margeando o Lago di Como. É bem bonita!
Roteiro no mapa:
Vocês já sabem, em caso de dúvidas é só deixar um recadinho.
Abraços!














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