Quem acompanha o blog sabe que eu adoro
História, sobretudo a da Segunda Guerra Mundial. Aqui, temos uma série
de posts de viagem à Alemanha e à Polônia que nos trazem a luz a conflituosa
História do século XX.
Agora, vou fazer outra série, dessa vez na Grã-Bretanha.
Claro, o alvo será Churchill que, em 2002, foi eleito pela BBC como o maior
britânico de todos os tempos.
O
aristocrata Churchill era uma figura excêntrica. Às vezes rude, em outras,
direto demais, dono de uma personalidade forte e de hábitos peculiares, ele
nunca foi uma unanimidade. Mas sem dúvida, foi genial, obstinado e corajoso em
um dos momentos mais sombrios que a humanidade já viveu.
Winston
Churchill ao lado do comandante militar dos Estados Unidos, Dwight D Eisenhower |
Ele
foi primeiro-ministro britânico por duas vezes (1940-1945 e 1951-1955). Orador
e estadista notável, ele também foi oficial do Exército Britânico, historiador,
escritor e artista. Ele é o único primeiro-ministro britânico a ter recebido o
Prêmio Nobel de Literatura e a cidadania honorária dos Estados Unidos.
Dizem que Churchill
nunca escondeu sua crença na "supremacia branca" e que ele considerava os
indianos inferiores. Ele já foi acusado de ter sido responsável
por piorar os efeitos de uma grande fome que matou cerca de três milhões de
pessoas na província de Bengala, na Índia. Ademais, Churchill de fato foi a
favor do uso de gás mostarda contra tropas otomanas durante a Primeira Guerra
Mundial. Mas, lembrem-se: era uma época em que outras nações também estavam
usando esse tipo de arma. Ele também foi criticado por ter usado "mãos de
ferro" para lidar com separatistas irlandeses e mineiros galeses no início
do século XX.
2020, protestos do Black Lives Matter |
Herói ou vilão? Nem um, nem outro. Apenas, um homem,
demasiadamente humano, que viveu em um mundo politico, bélico e ideologicamente
conturbado. Um líder, que certo ou errado, não temeu “bancar” suas ideias,
buscar a verdade, e, consequentemente, a vitória da sua nação. Vitória que
acabou sendo a de uma civilização. Civilização perfeita?!? Não,
mas pensem nas outras opções disponíveis no século XX.
Certa
vez perguntado sobre os requisitos que um político deveria preencher, Churchill
respondeu: “A capacidade para prever o que vai acontecer amanhã, na próxima
semana e no ano que vem. E a habilidade de explicar depois por que nada daquilo
acorreu.”.
Desde
muito cedo, Winston Churchill, uma voz sozinha no deserto, protestou contra a
relutância de Chamberlain, da França e da Liga das Nações em agir contra Hitler
antes que fosse tarde demais. Suas palavras foram ignoradas, entretanto, porque
ele foi considerado por muitos como um gênio indomado, um homem belicoso.
Apesar das vaias e
críticas, Churchill, em um grande discurso na Câmara dos Comuns, em 12 de
novembro de 1937, censurou o governo por não ter enfrentado a ameaça nazista. "So, they continue in
a strange paradox, they just decide to be indecisive, determined to be
indecisive, inflexible to derive, solid to fluidity, all powerful to be impotent.
So we continue to prepare ourselves more months and years - precious, perhaps,
vital, for the greatness of Great Britain, for locusts to eat."
“Peace
in our Time“. Frase de Neville Chamberlain (Primeiro Ministro Britânico, em
1939) sobre Adolf Hitler. Chamberlain disse essa fatídica frase após assinar o
Acordo de Munique, acordo que praticamente ignorava as recentes invasões da
Alemanha nazista no Leste Europeu, ignorando também a anexação da Áustria.
Mesmo assim, Chamberlain seguiu com a ‘Política do Apaziguamento’.
Aeródromo
de Heston, Londres, 30 de Setembro de 1938: Neville Chamberlain discursa e
exibe triunfalmente as assinaturas no Acordo de Munique.
Esses homens, diferentemente de Winston
Churchill, não souberam “ler” os planos nazistas. Consequentemente, não foi possível,
a tempo, garantir que os militares britânicos pudessem se igualar em forças aos
da Alemanha.
Bem, menos de um ano depois do Acordo de Munique, a Alemanha invade a
Polônia, demonstrando o fracasso da política de submissão.
Sobre
Chamberlain e a sua postura perante os nazistas, Churchill sabiamente afirmou:
E, as
coisas foram piorando... Em
maio de 1940, a Grã-Bretanha enfrentou a maior crise de sua longa história. As
hordas nazistas haviam feito uma blitzkrieg em seu caminho pela França, Bélgica
e Holanda e a triunfante Wehrmacht alemã estava pronta para lançar um ataque
através do Canal da Mancha. Enquanto isso, a maior parte do exército britânico
estava encalhada em Dunquerque, imprensado entre o oceano e as legiões de
Hitler não muito longe.
Finalmente,
cedendo aos gritos raivosos e indignados por sua renúncia de inimigos políticos
e amigos, um castigado Chamberlain convocou uma reunião às 16:30h, na
quinta-feira, 9 de maio de 1940, para escolher seu sucessor. Os candidatos
eram: Lord Halifax, Secretário de Relações Exteriores e Winston Churchill,
Primeiro Lorde do Almirantado.
A
liderança de Winston estava em jogo. O peso da guerra repousava diretamente
sobre seus ombros. A Câmara homenageou Chamberlain quando ele entrou com vivas
e aplausos estrondosos. Winston teria que se superar já que ele foi saudado pelo
silêncio. Apesar
de tudo, em 10 de maio de 1940, Churchill chegou ao cargo de primeiro-ministro
britânico, contando 65 anos de idade.
Naquela
ocasião memorável, a nação precisava de inspiração e a obteve. "Não tenho
nada a oferecer além de sangue, labuta, lágrimas e suor. Você pergunta qual é a
nossa política? É travar guerra por terra, mar e ar com todas as nossas forças
e com toda a força que Deus pode nos dar. Você pergunta qual é o nosso
objetivo? Eu posso responder em uma palavra: É vitória, vitória a todo custo,
pois sem vitória não há sobrevivência. Venha, avancemos juntos com nossa força
unida.”
13 de
Maio de 1940
Mas, as tensões politicas eram grandes. O
primeiro gabinete de guerra de Churchill incluía Neville Chamberlain e Lord
Halifax. Apesar de negativas posteriores de que jamais houvesse qualquer
consideração de acordo com Herr Hitler, Lord Halifax favoreceu uma política de
conciliação, que alguns pensavam que levaria à capitulação. A conversa sobre
uma "paz honrosa" com Hitler estava no ar. Winston era diametralmente
oposto a qualquer pensamento de negociação, achava que se o país tinha que
cair, deveria cair lutando.
Churchill, cujos poderes se tornariam absolutos, teve de agir com
cautela na época, pois sua posição não era firme e ele teve o cuidado de não
confrontar Halifax diretamente. Halifax teve o apoio de Chamberlain, que ainda
era uma força reconhecida dentro do Partido Conservador governante. Foi então,
mais do que nunca, que ele usou de toda a sua razão e retórica.
Após a queda da França, ele se viu no dificílimo dever de descrever o desastre militar francês e alertar o povo britânico sobre a iminente tentativa de invasão pela Alemanha nazista. Sem gerar quaisquer dúvidas sobre a futura vitória dos Aliados. Foi quando proferiu seu famoso discurso “We Shall Fight on the Beaches”, em 4 de junho de 1940.
Desde, então, os
seus memoráveis discursos, conclamando o povo britânico à resistência e a sua
crescente aproximação com o então presidente americano Franklin Delano
Roosevelt, visando a que os Estados Unidos ingressassem definitivamente na
guerra, foram essenciais para o êxito dos aliados.
Na noite de 10 de maio de 1941, invasores alemães destruíram a Câmara dos Comuns. |
Viajar
é aprender, apreender, questionar e refletir. Então, uma vez na Grã-Bretanha
não deixem de seguir os passos desse grande homem.
No
próximo post, falo mais sobre Churchill em Londres...
Abraços!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário