A Serie Lugares Secretos que Indico hoje vai falar sobre o Schatzkammer, em Viena!!
Os Tesouros do Sacro Império Romano não são propriamente secretos na atualidade, mas são tantas as lendas e mistérios que os envolve que chega até a arrepiar. A graça da visita ao Schatzkammer está em conhecer a história que envolve esses objetos sagrados. Dentre eles, a Lança Sagrada é o mais venerado.
Também conhecida como Lança de Longinus, há quem diga que ela foi utilizada por Longinus, um centurião romano, para perfurar o peito de Jesus e, desta forma, confirmar a sua morte na Cruz. Acredita-se que tal lança foi parar nas mãos de Maximiniano, e que após o século III passou a integrar o Tesouro do Sacro Império Romano. Desde então, a ela se atribuem diversas forças mágicas, inclusive a de dar ao seu possuidor poderes sobre o destino da humanidade. Ela foi passada de Imperador a Imperador, e estes a carregavam nas batalhas, por acreditarem que assim a vitoria estaria garantida. Não causa espanto, portanto, que a mesma tenha sido perseguida por Atila, Justiniano, Carlos Magno, Carlos IV, Napoleão e, mais recentemente, por Adolfo Hitler.
Após a morte de Frederico, em 1190, a lança ficou desaparecida por 150 anos. O Imperador Carlos IV despachou cavaleiros por todo o império em busca da mesma, pois se acreditava que apenas ela era capaz de legitimar o poder de um governante. Feliz ou infelizmente, esta foi encontrada e permaneceu como um bem sagrado dos monarcas nos subsequentes por 5 séculos. Nesta época, ela, e os outros Tesouros do Sacro Império Romano, foram para o Castelo de Nuremberg.
Logo, desde 1423, a cidade de Nuremberg passou a ser o local da coroação de Reis e Imperadores Germânicos, e a Lança Sagrada, e as demais Insígnias da Coroa aí permaneceram até a chegada de Napoleão. Vale lembrar que elas só eram expostas durante as coroações e, fora isso, uma vez por ano.
Não era segredo que Napoleão almejava as Insígnias do Sacro Império, portanto, prevendo o saque, os membros da Câmera de Nuremberg incumbiram o Barão Von Hugel de leva-las para Regensburg. Todavia, o Barão optou por leva-las para Viena. A ideia era que as mesmas fossem devolvidas ao final da guerra. Mas, ao fim da mesma, com a Alemanha divida, e o fim do Sacro Império Romano, o esperto Barão, aproveitando-se da confusão generalizada na Europa, as vendeu para os Habsburgo.
Em Viena, a magia e o misticismo que envolvia a lança caíram no esquecimento, e as Insígnias Imperiais foram para o Museu Kunsthistorisches. Hum, não foi bem assim...
Um jovem de 23 anos, sem talento, mas cheio de ambição, ouviu falar delas e foi ao museu vê-las. Esse jovem era Hitler, que ficou, desde então, obcecado por possui-las. O resto é história...
Contam que a Lança Sagrada foi objeto de culto dos Nazistas e que templos secretos foram construídos para reuniões místicas da SS, em torno da mesma, sob o comando de Himmler. Fato ou não, o que sabemos com certeza é que os nazistas as saquearam minutos após a anexação da Áustria. Elas foram, então, enviadas para Nuremberg, onde, mais uma vez, foram expostas apenas uma vez ao ano. De fato, não sei se acredito em todo esse misticismo dos Nazistas, mas que eles utilizaram destes artifícios na sua propaganda, lá isso, usaram.
Ao final da Segunda Guerra, a busca pelas Insígnias recomeçou, e elas só voltaram a Viena em 1946. Desde então, as Insígnias do Sacro Império Romano tem sido um dos destaques do Museu do Tesouro Imperial, no Palácio Hofburg.
A história da recuperação das Insígnias Imperial é muito interessante, e eu super-recomendo a leitura do livro " Hitler Holy Relics", de Sidney Kirkpatrick. Eu amei!! Segue abaixo uma sinopse do mesmo.
"Na Alemanha devastada pela Segunda Guerra Mundial, um grande mistério envolve as obras de arte e as antiguidades roubadas pelos nazistas. Este livro conta a história real do tenente e historiador da arte Walter Horn, que sai à procura de tesouros valiosos para o povo alemão que haviam desaparecido. Nessa jornada, Horn desvenda as origens místicas do nazismo e um plano para a criação do Quarto Reich.
Pouco antes da invasão da Alemanha pelas
forças aliadas, um bunker secreto foi cavado sob o Castelo de Nuremberg. Dentro
dele, uma câmara especial continha os tesouros saqueados que Hitler mais
valorizava: as Joias da Coroa do Sacro Império Romano e a Lança Sagrada, que
teria dilacerado o flanco de Cristo na cruz.
Mas quando o Exército americano se preparava
para invadir Nuremberg, cinco das preciosas relíquias desapareceram. Quem as
teria levado da câmara subterrânea? Por quê? Após o fim da guerra, o mistério
ficou sem solução até que o general Eisenhower, comandante dos Aliados, ordenou
que o tenente Horn, professor licenciado da Universidade de Berkeley,
procurasse os tesouros desaparecidos.
Para realizar sua missão, Horn mergulhou nas
antigas lendas e no misticismo que cercavam as antiguidades saqueadas por
Hitler em sua busca do domínio mundial. Horn interrogou operários do bunker,
ex-vereadores de Nuremberg e militares do exército aliado. Procurou pistas nos
vestígios carbonizados da fortaleza particular de Himmler e pesquisou a Ordem
dos Cavaleiros Teutônicos neonazistas, que supostamente guardava
uma vasta fortuna em ouro e outros tesouros.O que ele descobriu em sua odisseia
é tão explosivo que seu relatório final permaneceu secreto por décadas.
Baseando-se em informes do serviço de inteligência, bem como em cartas e entrevistas, Sidney Kirkpatrick revela como Hitler, em sua mania de grandeza e obcecado por ocultismo, quase conseguiu criar um Reich Sagrado fundamentado numa reinvenção distorcida da história medieval e da Igreja.”
PS – Horn era alemão!!
Além da Lança Sagrada (Heilige Lanze), fazem parte das Insígnias, a coroa (Reichskrone), as vestes de coroação (Krönungsornat), o cetro (Szepter), o orbe (Reichsapfel), a Cruz Imperial (Reichskreuz), e as espadas imperiais (Reichs-und Zeremonienschwert).
Mais no Wiener Schatzkammer
Schatzkammer = arca
do tesouro
Desde a Alta Idade Média
itens de valor religioso ou artístico têm sido mantidos em salas especialmente
seguras, chamadas de Schatzkammern. A Casa de Habsburgo, seguido esta
tradição, criou seu Schatzkammer no século XIV, e esta desde o século XV, localiza-se
no pátio Schweizerhof do Palácio de Hofburg (a parte mais antiga – séc. XIII), junto à Capela Hofburg.
Destaques
Os itens do Imperador Rudolf
II que era famoso por seu senso excepcional para as artes e conhecido como
mecenas em toda a Europa.
Feita em Praga para o Imperador
Rodolfo II, em 1602, esta coroa, conhecida como “House Crown”, servia
originalmente como um substituto simbólico para as insígnias do Sacro Império
Romano, que foram mantidas em Nuremberg. Quando o Imperador Franz I proclamou
o Império da Áustria, em 1804, essa coroa foi escolhida como a insígnia do
título imperial recém-criado.
A
fundação do Kunsthistorisches Museum de Viena, em 1891, integrou o Museu
do Tesouro as suas coleções, no entanto, sua localização no Schweizerhof foi
preservada. Você pode adquirir um ingresso que dá direito a visitação de 3 dos Museus da Kunsthistorisches.
| insígnias da Coroa Austríaca desde 1804 |
O tesouro da Ordem do Tosão de Ouro que veio transferido de Bruxelas em
1794
| colar do primeiro Rei de Armas da Ordem do Tosão de Ouro |
O famoso berço
do Duque de Reichstadt, filho Napoleão de da Arque duquesa Marie
Louise, que também era conhecido desde o seu nascimento como o "Rei de
Roma"
| o pijama |
Fica a dica, antes de ir ao
Wiener Schatzkammer, leia "As Relíquias sagradas de Hitler", de Sidney Kirkpatrick, para
entrar no clima.
Schönen Sonntag!!



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