O melhor museu de Berlim: Deutsches Historisches Museum


Berlim tem arte por tudo que é canto, e para todos os gostos. De Street Art às obras de antiguidade, não faltam museus e galerias. E, dentre esses museus, diverso focam na história recente, ou seja, da Segunda Guerra Mundial à Queda do Muro de Berlim. Quem tem muito tempo na cidade, deve visita todos eles, e também os outros que citarei no post seg
uinte.

Todavia, existe um museu, o Deutsches Historisches Museum, que recomendo entre na lista de quem não tem a oportunidade de uma estada mais longa em Berlim. Digo isso, porque ele retrata a história da Alemanha desde o início dos povos germânicos até os dias atuais. Isso inclui o Sacro Império Romano-Germânico, a Paz de Vestfália, e o contexto que levou a Primeira Guerra Mundial. E, apesar, de mesmo quem gosta de história, como eu, ler/estudar, com fascínio, o Nazismo e a Guerra Fria, essa outra parte não é muito explorada. Mas, é justo ela que nos leva a entender a atual geopolítica. 




Dito isso, antes de falar sobre a visita, esclareço uns pontos:


1) a visita ao Museu Histórico Alemão requer muito tempo. Eu mesma fiquei cerca de 2:30h, e não consegui ver a sessão que retrata os acontecimentos pós queda do muro. Sugiro que reservem todo um turno para ele.

2) o audioguia custa 3€, e é fundamental. Ao longo do trajetória, temos várias "placas" explicativas do contexto temporal, mas no áudio podemos ouvir detalhes sobre as peças que nos interessam, e ainda discursos, diálogos e muitas outras coisas interessantes.
3) neste post, coloco, em fotos, a história da forma que é apresentada na visita. Em ordem cronológica, fotografei diversas das explicações que os curadores nos apresentam. Lamento, não ter tempo para traduzi-las, mas a nova ferramenta do Google já permite a tradução de fotos. Então, se você não lê inglês, use-a.
4) o post tem muitas fotos, pois meu objetivo foi trazer, para vocês, um pouco da história, e não apenas mostrar "ah, que museu legal!". Assim, quem não tiver a oportunidade de conhecê-lo pode "estudar" um pouquinho aqui no blog😬😛.

Como um bom museu de história, esse fica em um edifício histórico, o Zeughaus, que é o prédio mais antigo da Unter den Linden.


A história do Zeughaus:



O Zeughaus foi construído entre 1695 e 1706, a mando do príncipe-eleitor Friedrich III, para armazenar o arsenal militar da Prússia. No final do século XIX, o antigo depósito de armas se tornou o Museu de Guerra da Prússia que tinha um grande acervo de artigos militares, de vários tipos e de países derrotados por ela. Em Março de 1943, o oficial Rudolf-Chrisoph Freiherr von Gersdorff planejou um atentado contra Hitler que se daria neste museu. O ataque fracassou, pois Hitler, com pressa, passou apenas 2 minutos lá dentro. Nos bombardeios à Berlim, na Segunda Guerra Mundial, o prédio foi bastante danificado. Mas, a coleção havia sido retirada. Contudo, no transporte muitas das peças se perderam.


Feirinha nos FDS!

Quando os Soviéticos tomaram Berlim, eles logo fecharam o Museu de Guerra, devido ao se foco bélico. O Zeughaus, que ficava no setor soviético, passou, então, a abrigar, a partir de 1952, o Museum für Deutsche Geschichte (MfDG = Museu de História Alemã), que mostrava a história do ponto de vista marxista-leninista. Após a queda do muro, este museu foi fechado. Seu acervo, incluindo o edifício, foi transferido para o Museu Histórico Alemão, que havia sido fundado em Outubro de 1987, pelo governo da Alemanha Ocidental. O Zeughaus, mais tarde, foi reformado, e voltou a funcionar a partir de 2003. Em 2006, foi aberta a exposição permanente, “A História alemã através de imagens e testemunhos”.



A visita à exposição permanente, “A História alemã através de imagens e testemunhos”:

Do século V ao século XXI, a exposição, fornece informações, em ordem cronológica, sobre cerca de 1500 anos do passado da Alemanha. Mais de 7000 objetos nos “falam de Carlos Magno, da Idade Média, da formação do país, da invasão de Napoleão, das mudanças nos limites europeus, do conturbado século XIX, da unificação do Estado Alemão, da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, chegando aos dias atuais. Contudo, o museu objetive retratar os eventos históricos e políticos, a vida cotidiana das pessoas, na cidade e no campo, não deixa de ser abordada.





Os principais destaques do museu são:




Após pegar o audioguia, e guardar o casaco (a direita da escada), suba a bela escadaria até o primeiro piso, onde a exposição se inicia. 

Logo no começo, tem um vídeo que conta toda a história alemã, em resumo. Ajuda a entender o que vem.. 




A exposição começa com as mudanças de demarcação das fronteiras na Europa e a história da língua alemã.

O Reino dos Francos se revelou como a formação de império efetiva dos germanos no período das migrações bárbaras. Quando se tornou rei dos Francos, em 768, Carlos Magno já era a entidade política mais poderosa da Europa Ocidental. O Sacro Império Romano-Germânico teve sua origem na Frância Oriental que até o século XV existiu como associação feudal composta de vários países e autoridades




A Reforma

Com a publicação das teses de Martinho Lutero, em 1517, veio o cisma da Igreja, tendo como consequência transformações religiosas e políticas fundamentais.




Martinho Lutero e Katharina von Bora, de Lucas Cranach, o ancião






Escritos preciosos, mas também armaduras e elmos testemunham o agravamento dos conflitos religiosos e políticos que levaram à Guerra dos Trinta Anos, a partir de 1618.


A Guerra dos Trinta Anos encerrou-se com a Paz de Vestfália, em 1648, a qual estabeleceu uma nova ordem europeia. A seguir, a luta das dinastias pelo domínio da Europa e o Rei Luís XIV da França, como personificação da monarquia absoluta, marcam o século XVII.






O museu apresenta muita informação sobre a guerra entre turcos e austríacos, no século XVII. E, o material sobre o período dos Habsburgos é bem extenso.


Quando o imperador Habsburgo, Karl VI, morreu em 1740, sem deixar herdeiros, as cinco grandes potências da Europa (Inglaterra, França, Áustria, Prússia e Rússia) lutaram a, subsequente, Guerra da Sucessão Austríaca para afirmar seus próprios interesses.

A revolução Francesa de 1789, as Guerras Napoleônicas, e o colapso
do Sacro Império Romano da Nação Alemã (em 1806) levaram ao colapso da forma anterior dos Estados soberanos europeus. Somente, o Congresso de Viena, em 1814-5, restabeleceu uma ordem de paz estável.

O período da dominação de Napoleão



Relíquia da Batalha de Waterloo: chapéu bicorne de Napoleão (1815).











Em 1871, o Império Alemão foi fundado como um Estado Nacional sob Guilherme I como o Kaiser (Imperador) alemão.




A vida no Império Alemão no fim do século XIX.







Muita turbulência social.






O passeio no andar de cima termina com a derrota militar da Alemanha em 1918 e o colapso do Império Alemão.




















No térreo...Da República de Weimar até a saída dos aliados em 1994.

No início do tour pelo térreo, cartazes, fotografias e gráficos originais testemunham os abalos revolucionários após a Primeira Guerra Mundial, dos quais o Império Alemão emergiu em 1918 como uma democracia parlamentar. O florescimento artístico e cultural da República de Weimar é ilustrado pela diversidade de objetos da área têxtil e de design. Fotografias e cartazes políticos revelam a carência social e o desemprego, seguido por uma radicalização política da população e pela ascensão do Partido Nazista (NSDAP).























Em 1933, Adolf Hitler foi nomeado chanceler do Reich e os nacional-socialistas estabeleceram em pouco tempo uma ditadura totalitária na qual eles perseguiram e eliminaram judeus, adversários políticos e pessoas que não correspondiam às ideias ensandecidas dos nacional-socialistas.










Quem quer dominar o mundo, começa doutrinando as crianças.










Uniformes originais... Chega a dar um arrepio!









O famoso "mundo" de Hitler






Com a invasão da Polônia em 1939, começou a Segunda Guerra Mundial. Uma coalizão bélica conduzida pela União Soviética, Grã-Bretanha e os EUA enfrentou, a partir de 1944, as guerras de agressão alemãs. A capitulação incondicional da Alemanha, em 08 de Maio de 1945, pôs fim ao domínio nazista e à Segunda Guerra Mundial na Europa, na qual morreram mais de 50 milhões de pessoas.


















A Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação, e a partir de 1949 em dois Estados: a República Democrática Alemã, sob ocupação soviética, e a República Federal da Alemanha sob a influência dos Aliados Ocidentais tornaram-se palco da Guerra Fria. O declínio do regime ditatorial da RDA levou à na abertura do Muro de Berlim em 09 de Novembro de 1989 e preparou o caminho para a unificação dos dois Estados em 03 de Outubro de 1990.











Essa parte da Alemanha dividida e a reunificação, acabei vendo correndo, pois o museu estava para fechar. Como falei não consegui ir a parte pós queda do muro, que na foto inicial está assinalado com a seta vermelha.

Dados práticos:

Endereço: Unter den Linden 2, Mitte. Como Chegar: ônibus linhas 100 e 200, parada Lustgarten.


Horário de Funcionamento: aberto diariamente das 10 às 18h.

Preço: 8€. Está incluído do MuseumPass.

Em resumo: 
entender a história alemã é entender a história da Europa, e consequentemente as forças políticas que desde sempre influenciam o mundo. E, até onde eu sei, esse é o único museu onde se pode aprender, de forma tão profunda e divertida, a história da Europa nos últimos séculos. Longe dos livros, longe das aulas... 

Não percam!!!

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