A Série Lugares Secretos Indico vai ao Museu do Neon, em Varsóvia (#MuseumWeek 2018)


Achou estranho? Museu do Neon?!? É isso mesmo, você pode não saber mas o neon tem história. Desde a sua invenção, avanços tecnológicos, até as mudanças de estilo que passou ao longo das décadas.



Fala sério? Alguém consegue imaginar alguma coisa mais hipster?? Não, não há.




Mas, não é só isso, tem mais história por trás das placas luminosas. E, sendo o Leste Europeu onde centenas de museus versam sobre a Segunda Guerra Mundial, e o nazismo, e a Guerra Fria, e o comunismo, vocês já devem supor o enredo... Eles não deixarão a história ser esquecida. Eles não deixarão a história se repetir, é frequente vermos excursões escolares de criancinhas locais visitando cada um desses museus. E, apesar da maioria dos países retratar os horrores do sistema nazista como sendo muito semelhante às técnicas atrozes utilizadas pelos comunistas, me parece que eles tem mais horror a este último. Não sei se pela ocupação comunista ter sido mais duradoura, ou porque apesar de ouvirmos tantos "nazistas", "fascistas não passarão", de fato é a ideologia de Marx que ainda ameaça mais fortemente o mundo atual. 

No Neon Muzeum, aprendi que na década de 50, os poloneses estavam super inquietos com o regime, ávidos por modernização, sedentos por consumo. Afinal, mesmo sem internet e com toda a censura, os ventos traziam informações sobre a vida do outro lado da "cortina". Eis, então, que os governantes de Varsóvia resolvem maquiá-la e transformá-la em uma fake Las Vegas. Os neons foram os instrumentos utilizados. Os melhores artistas foram selecionados e ao longos dos anos os painéis luminosos foram espalhados pela cidade. Imaginem vocês que, entre os anos 60 e 70, a Avenida Pulawska, uma das principais artérias da capital polonesa, tinha mais de mil painéis coloridos brilhando entre os blocos de concreto soviéticos






Na entrada, há uma loja








Em murais, lemos a história do neon no mundo e na Polônia




















Mas, era apenas maquiagem, pois apesar das fachadas que davam ares de magia consumista a cidade, no interior dos estabelecimentos haviam pouquíssimos produtos. Como na época de Stalin, a necessidade de consumo superava, em muito, a capacidade de oferta do regime opressor.




A floricultura sem flores bacanas à venda e quase nenhum cliente



Os neons poloneses não estavam associados a marcas comerciais, mas a símbolos comunistas



A sereia, símbolo de Varsóvia, sobre um livro na entrada das bibliotecas municipais



Placas informam a história do estabelecimento ao qual o neon fazia parte



O elefante rosa para na loteria nacional





Quando o comunismo finalmente caiu, os proprietários dos estabelecimentos resolveram se livrar dos neons. Todavia, além da história obscura que retratam, eles são verdadeiras obras de arte, modernos até para os dias atuais. Dessa forma, o artista gráfico David Hill e sua parceira, Ilona Karwinska, fotógrafa de origem polaca, resolveram reuni-los neste museu.























O museu está localizado em galpão de uma antiga fábrica de biscoitos e abriga mais de 200 painéis bem conservados. Para mim, ele retrata perfeitamente o espírito de uma Polônia que olha para frente, sem jamais esquecer o passado.



















Localização: Minska 25, galpão 55.

Soho Factory





Como chegar desde o centro de Varsóvia: pegue a linha 22 do bonde, desça na parada Goclawska e caminhe dois quarteirões até a Soho Factory.




Ou



Horário de abertura:segunda e de quarta à sexta-feira das 12–17h/sábado das 12–18h/domingo das 11–17h/terça-feira fechado. 


Preço: 10 zl (praticamente 10 reais).


Em resumo: um programa único e instrutivo que não costuma ser incluído no roteiro dos mais tradicionais. Vá por mim, não cometa esse erro. Ele é muito mais do que um lugar para se tirar fotos para o Instagram.





Aquele abraço!

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