O melhor de Tallinn: Museu da KGB no Sokos Hotel Viru
Quem não adora uma história de espionagem a la James Bond? Em Tallinn, podemos viver uma experiência única no Hotel Viru. No seu 23º andar, fica o Museu da KGB que pode ser conhecido através de visitas guiadas. Uma experiência histórica, política e cultural única, já que o guia nos diz muitas coisas sobre a fatídica época da "Guerra Fria".
Vou contar um pouquinho para vocês (não tudo para não dar spoile, ok?)...
Esse hotel, o primeiro grande arranha céu de Tallinn, foi construído em 1972. Durante o início da ocupação soviética, Talllinn se fechou para o mundo. Mas, o regime era paradoxal, falava mal do ocidente e queria imitá-lo. Sendo Tallinn linda, após a morte de Stalin, o "olho cresceu" e os soviéticos resolveram explorar o turismo na cidade. Em 1963, uma linha de barcas entre Helsinque e Tallinn abriu uma janela para o outro lado, trazendo 15.000 turistas por ano. E, era no Viru que os turistas podiam se hospedar. Eles queriam os dólares dos hóspedes, mas esses não podiam circular livremente pela cidade, que não com taxistas e guias devidamente parte do esquema.
Em 1975, Tallinn sediou a conferência pan-europeia sobre valores mobiliários que contou a presença do então Secretário Geral da União Soviética, Leonid Brezhnev. Convidados e jornalistas perigosos chegavam a cidade... Como não espioná-los? O último andar do hotel, que oficialmente só tinha 22, foi, então, transformado no centro de rádio da KGB. O sinal de Helsinque chegou ao 23º andar e tinha uma linha direta para Moscou. Partes do terceiro andar foram usadas para ouvir os mais proeminentes convidados do hotel.
Após a saída do último espião, em 1991, esse centro de rádio foi mantido intocado, e hoje podemos explorá-lo.
Assim que se chega ao 23º andar, lê-se na placa “Zdes 'Nichevo Nyet”, que significa "Não há nada aqui". Essa era a resposta ingênua que se dava à época aos curiosos. O guia nos conta essa e outras histórias "picantes" sobre os anos 70 e 80 no Hotel Viru. A seguir, vamos conhecer as duas salas cinzentas onde os agentes secretos ouviam tudo que se passava nos 60 quartos do hotel. Parece glamoroso? Não era, quase sempre os diálogos versavam sobre roupas, passeios, brigas conjugais, enfim, a vida como ela é...
Nas salas podemos ver o equipamento de esculta, os cinzeiros que ficavam fixos nas mesas, assim como os pratos de pães no restaurante. Cinzeiros e pratos não quebravam e, claro, tinham microfones. Nos é também apresentado uma bolsa de mulher com uma micro bomba, e as "câmara lunetas" que ficavam enfiadas em buracos nas paredes das áreas em comum.
Tenho poucas fotos, pois, na verdade, não se pode fotografar o interior das salas. Então, essas são dignas de uma espiã armada de uma câmara "secreta" 😳😁
A coisa toda parece meio amadora, e era. Todos desconfiavam do que acontecia no Viru. Afinal, como não desconfiar de senhorinhas sentadas nos corredores com um caderninho anotando o vai e vem das pessoas? Não a toa, em Talllinn, as pessoas diziam que o Viru era um hotel de microconcreto, concreto + microfone!😏😄
Na hora lembrei do escândalo recente com o Facebook... O povo tem razão, o mundo é um grande Big Brother a la George Orwel. Teoria da conspiração? Pois, bem...
Ainda no museu, podemos ver várias fotos e panfletos do hotel nas décadas de 70 e 80: da sala de shows e musicais, do casino, dos bares, dos passeios de barco que eram oferecido, E, fotos de alguns de seus ilustres hóspedes: Elizabeth Taylor, o astronauta Neil Armstrong, a cosmonauta Valentina Tereshkova, etc. O hotel pretendia imitar os americanos, mas a coisa toda era decadente. Prostituição, intrigas, espionagem, funcionários incompetentes... Enfim, o socialismo como o socialismo costuma ser. E, disso sabe quem já foi a Cuba. Em Talllinn, era assim também, o regime tentava mostrar glamour, enquanto na vida real até a comida era escassa. Triste, mas por incrível que pareça no século XXI tais descalabros ainda ocorrem. Não em Tallinn, não mais, não jamais, segundo eles.
Mas, mudando para assuntos mais felizes, a "cereja do bolo" desta atração são os terraços. Dois, de ambos os lados do prédio. Tallinn aos nossos pés!
Da janela
Todos ficam boquiabertos!!
Acredito ser o melhor lugar para fotografar a cidade.
Dados práticos
Endereço: Viru väljak 4. Não confunda o Museu da KGB com a Prisão da KGB. Essa última fica intramuros, e está incluída no Tallinn Card. Não entrei, mas falam que também é interessante.
Todas as visitas são guiadas. Reservas, aqui, são fundamentais, pois na hora não encontrarão ingressos. Comprei o meu na internet (11 euros) e recebi o voucher por e-mail.
Horário: diariamente, exceto de novembro a abril, quando o museu fecha às segundas-feiras.
Tours: 11:30 e 14:30h em Inglês.
A visita dura cerca de uma hora, mas nem se sente o tempo passar. Vá por mim, programe o seu roteiro em Tallinn de forma a incluir o Viru. Imperdível!!!
Abraços e boa viagem!!


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