A Série Lugares Secretos que Indico apresenta a "Studentenkarzer", em Heidelberg
Quem caminha pelas ruas e praças, ou embarca nos ônibus e bondes, de Heidelberg logo percebe que se trata de uma grande cidade universitária. A algazarra dos jovens, de todo o mundo, está por todos os lados, o que, claro, apenas torna a cidade mais agradável. E assim tem sido desde 1386, quando, com a aprovação formal do Papa, o Palatino Eleitor Ruprecht I (príncipe da região da Renânia), abriu-se a Universidade de Heidelberg. Essa que foi a primeira na Alemanha, e o terceiro centro intelectual a ser estabelecido no Sacro Império Romano dos reis alemães, depois de Viena e Praga.
Mais tarde, quando Heidelberg ficou sob controle da terra de Baden, Karl Frederick reorganizou a Universidade, em 1803, de modo que seu nome oficial passou a ser Ruprecht-Karls Universität Heidelberg. Com tanta história, uma vista a essa Universidade tem que entrar em qualquer roteiro a Heidelberg.
Como é a visita a Universidade?
Na visita podemos conhecer o Museu da Universidade, a "Alte Aula", e a fantástica "Studentenkarzer" (Prisão Estudantil). O Museu da Universidade se localiza, desde 1996, no andar térreo do prédio da Universidade Antiga, um edifício barroco de 1712. A "Alte Aula" fica no mesmo prédio, no andar de cima, já a histórica Prisão Estudantil se localiza no prédio ao lado. O acesso ao edifício é pela portaria principal, na Praça da Universidade, e após pagar a entrada, a vista começa pela sua maior estrela: a "Studentenkarzer".
A Prisão Histórica de Estudantes
Desde a sua fundação, a Universidade de Heidelberg detinha a jurisdição exclusiva sobre a
disposição legal de seus alunos. Assim inicialmente,
as prisões da cidade, que também eram usadas para abrigar diversos tipos de bandidos, era o destino dos alunos transgressores. Todavia, percebeu-se que esses lugares eram muito "barra pesada", logo,.em
1545, a Universidade criou sua própria prisão estudantil ("Karzer"). Ela ocupou diversos espaços próximos a atual Praça da
Universidade, muitas vezes lugares insalubres, mas, em 1823, celas foram construídas no prédio principal, na Augustinergasse 2. E, essa prisão permaneceu ativa até o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914.
A "Karzer" abrigava os graduandos que haviam cometido pequenas infrações, muitas vezes induzidas pelo álcool, como festejar, duelar e libertar
os porcos da cidade. As penalidades por esse tipo de delito variavam de 2 dias a 4 semanas, e os alunos continuavam indo as aulas normalmente, só sendo encarcerados à noite.
Quem frequentava a Universidade de Heidelberg naquela época era a alta sociedade do século XIX, de forma que, via de regra, os alunos até achavam divertido serem presos. Era um tipo de ritual de passagem, sendo que os que ocupavam a prisão gastavam seu tempo com a imortalização de sua
estadia através de pichações nas paredes. Dessa forma, não era incomum que um aluno criasse problemas
apenas para ser enviado para lá, muitas vezes para se juntar aos amigos.
Na visita, observamos as diversas paredes repletas de símbolos de casas de fraternidades, brasões de família, poemas espontâneos
rabiscados e epítetos inteligentes. Sem falar nas muito legais silhuetas dos rostos dos alunos cheias de sombras e com o "chapéu" vermelho do uniforme da Universidade, utilizado no século XIX.
As condições na prisão não eram exatamente
árduas: as celas eram espaçosas e equipadas com camas e escrivaninhas
adequadas. E, durante os anos posteriores, quando os
visitantes eram permitidos, os presos convidavam seus amigos para a prisão e a
transformavam em uma verdadeira casa de festa.
Hoje, vemos apenas as mesas, cadeiras, e as camas nas celas.
Depois de conhecer a incrível "Studentenkarzer", que foi mantida como era em 1914, segue-se para o museu...
O Museu da Universidade
A história da Universidade de Heidelberg é
destaque em três salas, com documentos originais e reproduções dos Arquivos da
Universidade e do Museu do Palatinado. Na primeira delas, apresenta-se o período dos eleitores
palatinos, desde a fundação da universidade até sua mudança para o Baden. A segunda sala é dedicada ao século XIX, período caracterizado pelo
romantismo de Heidelberg e pelos ferozes debates que levaram à revolução de
1848-9. A década de 1850, que lançou a diferenciação das ciências naturais e da
medicina, também merece destaque. Há retratos e reproduções das salas estudantis e das marchas de protesto. Há fotografias antigas dos laboratórios e dos aparelhos
desenvolvidos por Hermann Helmholtz. Na última sala, destaca-se o papel da universidade na República de Weimar, durante o Terceiro Reich, e após a Segunda Guerra
Mundial. Os efeitos do rápido crescimento dos estudantes e o desenvolvimento de
novas áreas de pesquisa também são explorados.
O Museu da Universidade, ainda, inclui uma sala com uma ampla
gama de exposições especiais que mudam a cada três ou quatro meses.
A última parte da visita é na "Alte Aula" (Grande Salão) que é usado
para cerimônias, concertos e palestras até os dias atuais.
Ela foi projetado em 1886, pelo arquiteto Josef Durm, para o 500º aniversário da
fundação da Universidade,e é um magnífico exemplo do revivalismo neo-renascentista.
Acima do atril, vê-se um busto do Grão-Duque Frederico de
Baden, a sua direita está o
retrato do Margrave Karl Frederich. Na parede da frente, há uma pintura de Ferdinand Keller que retrata Atena (ou Minerva), a deusa da sabedoria
e das artes. No teto há quatro afrescos que descrevem as disciplinas de
aprendizagem de direito, medicina, teologia e filosofia.
O ingresso combinado dá acesso à Prisão, ao museu e ao Grande Salão, e custa € 3. A Prisão Estudantil abre diariamente (Augustinergasse 2). A Antiga Universidade abre de terça a domingo, das 10 às 18h, de abril a setembro; e das 10 às 16h, de outubro a março. O Grande Salão pode estar fechado quando há eventos especiais.
Endereço: Grabengasse 1-3. Como Chegar: desde a Hauptbahnhof (estação de trem), pegue o ônibus
32 (direção Universitätsplatz) e vá até o ponto final.
Universitätsplatz
Universitätsplatz
A visita dura cerca de 30-45 minutos, e antes ou depois dela, sugiro uma paradinha no Café Gundel (Grabengasse 6; abre das 7-19h) para experimentar suas deliciosas tortas.
Por hoje, as dicas eram essa...
Abraços!!

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