Lembranças de um triste e conflituoso passado na Cracóvia: Museu Fábrica de Schindler


Olá, pessoal! No domingo passado, vocês leram a fantástica historia de Oskar Schindler, o homem que salvou da morte 1200 judeus durante o Holocausto. Também, viram os locais da locação do filme "A Lista de Schindler", na Cracóvia.


Nesta mesma cidade, agora lhes mostrarei como é a visita ao Museu Fábrica de Schindler (originalmente,Fabryka Emalia Oskara Schindlera que era parte da empresa Deutsche Emailwarenfabrik). Obviamente, todos os turistas se sentem atraídos para visitar essa atração com o objetivo de conhecer melhor a historia do seu seu dono, Oskar Schindler. Entretanto, a história da fábrica e de Schindler não é o foco deste museu. Na verdade, a exposição permanente, intitulada "Cracóvia: ocupação entre 1939 e 1945", conta a história da cidade sob o domínio nazista.


Museu Fábrica de Schindler se localiza na fábrica original, que depois do fim da guerra, foi estatizada, em 1947, e transformada na fornecedora de material de telecomunicações Telpod. Em 2002, essa empresa fechou as portas, e três anos mais tarde, as instalações foram compradas pela prefeitura, sendo, então, transformada neste museu, que é financiado apenas com verbas da cidade.










A visita:



A mostra começa em um ateliê de fotografia na Cracóvia dos anos 1930. Nas fotos, se podem observar mulheres elegantes andando nas ruas e judeus bem-humorados a caminho da sinagoga. Todavia, essa atmosfera descontraída do pré-guerra, termina no dia 6 de setembro de 1939, quando os soldados alemães invadiram Cracóvia.








Toda a história da invasão, durante a Segunda Guerra, é contada de forma cronológica e fica-se sabendo, por exemplo, que quase 200 cientistas da universidade da cidade foram presos pelos nazistas em novembro de 1939.



Pode-se ver, e apreender, tudo sobre a resistência polonesa, que tentou lutar pelo seu país, mas tendo perdido a batalha, não conseguiu evitar que os alemães impusessem as suas leis. Dessa forma, começaram as proibições aos judeus, que não podiam andar de bonde e nem mesmo frequentar locais públicos, como bares, cafés, restaurantes, cinemas, lojas, e mesmo parques.


















Os nomes de ruas e praças foram alterados, como foi o caso da praça principal da Cracóvia, que passou a se chamar Alter Markt, em alemão, e depois teve seu nome alterado para Adolf Hitler Platz.



Nesta época, os professores da Universidade de Cracóvia foram presos e deportados para os Campos de Concentração de Dachau e Sachsenhausen, na Alemanha.


Tendo como foco os jovens, a exposição, concebida por cenógrafos e diretores de teatro, é composta de enormes painéis em tamanho real, displays digitais e telas multimídia. Essas ferramentas visuais e acústicas, nos ajuda a compreender melhor as atrocidades daqueles tempos tenebrosos. Há ainda videos com testemunhos de habitantes locais que viveram essa triste realidade.


A seguir, se pode conhecer um bunker, o gueto dos judeus e à estação central da cidade, de onde a população judaica era deportada...









Em março de 1941, foi criado oficialmente o Gueto de Cracóvia, onde cerca de 15 mil judeus foram obrigados a viver numa área confinada, onde anteriormente, habitavam apenas 3 mil pessoas. Consequentemente, em cada apartamento moravam 4 ou 5 famílias.




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Esse gueto ficava na região de Podgórze, e foram os próprios judeus que construíram o muro que o cercava. Nele, os judeus ficavam presos e tinham permissão para sair apenas para trabalhar. Escapar? Quase impossível, já que haviam apenas 4 entradas e saídas sempre muito bem controladas pelos Nazis.









Em 1942, os alemães resolveram fechar o Gueto de Cracóvia. Logo, todos os judeus foram obrigados a deixa-lo, sendo enviados para os campos de concentração. Os que eram julgados inaptos para o trabalho iam direto para um campo de extermínio. Os que eram julgados aptos, como era o caso dos empregados de Schindler, iam para o Campo de Trabalho forçado de Plaszow.


as carteiras de trabalho salvavam vidas!

Quanto a história de Oskar Schindler, ela é contada no espaço onde antigamente funcionava o seu o escritório. Por meio de fotos, documentos e móveis originais é possível compreender suas ações.



No meio desta sala, há um grande cubo transparente, cheio de panelas, vasilhas e pratos de metal, que serve para simbolizar a história do empresário e de seus funcionários. Dentro do cubo, estão os nomes de aproximadamente 1.200 trabalhadores judeus, cujas vidas foram salvas por Schindler.










Os campos








Quase no fim da visita, há uma área dedicada ao final da Segunda Guerra Mundial, onde se expõem os efeitos do domínio da URSS sob a Cracóvia.










Lembram do filme?



A exposição acaba com as fotos dos judeus que se salvaram por trabalhar na fábrica.






Endereço: Lipowa 4 (veja como chegar no post anterior). Horários: de novembro a março, segunda-feira das 10 às 14h e de terça-feira a domingo das 10 às 18h; de abril a outubro, segunda-feira das 10 às 16h e de terça-feira a domingo das 09 às 20h. Entrada: 25 zlotys. Idealmente, faça previamente sua reserva no site, pois as entradas no museu são limitadas.

No Museu Fábrica de Schindler, além da exposição, há atividades educativas, uma livraria, um café, um cinema e uma área de exposição temporária.

Reserve cerca de 2 horas para visitar a Fábrica Oskar Schindler, e antes ou depois conheça os seus arredores. Não deixe de entrar em dois lugares:

  • BAL (Ślusarska 9), é um café bem BoHo em um espaço pós-industrial, onde se pode tomar umas cervejas.
  • Lipowa6, fica exatamente ao lado do museu e é um grande espaço com décor industrial onde há uma loja especializada em vinhos fabricados na Polônia, Europa Oriental e Cáucaso, além de vodcas frutadas polonesas, destilados húngaros e romenos, conhaque Ararat armênio, e uma seleção de cervejas, hidromel e cidra polaca. O local também funciona como um bar de vinhos onde ocorrem noites regulares de degustação e eventos dos Balcãs com vários pratos tradicionais. Abre diariamente até às 21h (22h nos fins de semana).

Nos dias quentes, na porta do Lipowa 6 há um food truck onde se oferecem especialidades grelhadas do Cáucaso, incluindo cordeiro em molho de romã e berinjela com coentro. Abre de domingo a terça, das 10 às 22h e de quarta a sábado, das 10 às 23:45h.

Última dica: eu não fiz por falta de tempo, mas me pareceu super interessante, o Free Walking Tour que versa sobre a II Guerra Mundial. Nele, é contado o que os alemães planejavam para a população polonesa e quais eram os atos de opressão dos nazistas contra suas vítimas. Destaca-se ainda que apesar da Cracóvia não ter vivido uma revolta e não ter sido destruída durante guerra, houve sim resistência. O tour dura cerca de 2:30h, e o ponto de encontro é ao lao da Igreja de São Gil (Grodzka). Horários dos tours em espanhol: de novembro a fevereiro, quarta e sábado às 11h; de março a junho, terça, quinta e sábado às 16h; julho e agosto, diariamente às 16h; setembro e outubro, terça, quinta e sábado às 16h.

Nesse domingo, fico por aqui.

Até...

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