A história da moda no Victoria & Albert Museum, em Londres

Oi, pessoal! Hoje, vocês lerão um post um pouquinho diferente. Não darei exatamente dicas de viagem, mas, vamos lá, acho que vão gostar...

O Victoria & Albert Museum se auto define como “o maior museu de artes decorativas e design do mundo”. Então, quem acompanha o blog deve adivinhar que esse é um dos meus museus prediletos em Londres. Com uma coleção de 4,5 milhões de objetos, espalhados em seis andares, ele cobre 5.000 anos da historia criativa da humanidade.

Fonte inesgotável para o estudo da arquitetura, mobiliário, moda, tecidos, fotografia, pintura, escultura, joias, vidro, cerâmica, arte e design da Ásia, teatro e performances, fica difícil selecionar o que explorar no museu em uma manhã ou tarde. Pois bem, claro que as pessoas têm interesses diferentes, mas acho que as seções de moda, de joias e a de design de interiores do século XX e XXI são imperdíveis.

Farei posteriormente um post geral sobre o V&A, hoje quero falar de moda. Isso porque creio que este é o, se não maior, mais interessante museu do mundo que aborda a história de tão interessante tópico. Adorei!!

Vamos ver um pouquinho, seguindo-se a ordem cronológica afinal a evolução do vestuário está intimamente ligada às mudanças históricas e culturais pelo mundo...

• 1750 – 1800: Era a época dos brocados, veludos e mais tarde da seda, sobretudo a francesa, até que o seu comércio foi banido na Inglaterra em 1766. Mas isso era na corte, as pessoas “comuns” usavam roupas de linho, lã e algodão, com estampas feitas por uma tecnologia mais barata.

• 1810 – 1830: Na primeira metade do século XIX, a tendência eram os vestidos de cintura alta, os leques finos, e os xales de estilo indiano. Os vestidos para noite, em 1820, eram feitos com seda colorida e quando a ocasião era especial ainda se acrescentavam materiais que imitavam ouro.

• 1830-1840 – A Revolução Industrial avança e com isso ganham espaço os tecidos com estampas. Ademais, os vestidos passaram a ter mais volume, principalmente nas mangas.

• 1840 – 1860: Em 1840, quando a Rainha Vitória e o Príncipe Albert se casaram, era costume a noiva usar vestido branco de seda ou musselina. A musselina, diga-se, era moda, assim como os caros véus que eram até heranças de família.

• 1850 – 1870: Nessa época a moda é beneficiada pelos avanços tecnológicos. Tempo da invenção da crinolina em formato de gaiola, estrutura vazada para dar volume aos vestidos.

• 1870-1910 – Grandes estilistas como Worth e Pingat fazem muito sucesso. Por outro lado, surgem as lojas de departamento que copiam esses estilistas. Em respostas, as “celebridades” optam por um estilo mais simples. Logo, em 1900, imperam os tecidos naturalmente tingidos e peças flexíveis para praticar esportes, como o tênis que vira moda.

• 1905 – 1915: No início do século XX, o gosto pelo leste asiático domina a Europa, com destaque para os quimonos comercializado em Londres por lojas como a Liberty&Co. Paul Poiret, o estilista mais inovador daquela época, baniu o uso de corsets e popularizou as peças assimétricas, turbantes e leques, com inspiração oriental.

• 1920 – 1930: Minha época preferida, os anos 20 foram dominados pelo chamado estilo “garçonne” que era simples, moderno e “libertador”. A seda e o chiffon se tornaram populares para lingeries e as cintas eram usadas para modelar o corpo. Para dançar, os vestidos eram leves e com as famosas franjas de contas advindas de casas como Callot Solurs e Voisin. Quase sempre adornados por um chapéu Cloche, os cabelos eram simétricos e curtinhos. Em 1922, o sucesso na escavação da tumba de Tutancámon inspirou a onda egípcia na moda, com destaque para os leques de pena de avestruz e acessórios com hieróglifos.

• 1925 – 1940: As décadas de 20 e 30 foram altamente renovadoras no vestuário feminino, sobretudo para o esporte e cotidiano. Diversos estilistas criaram as chamadas “coleções resort” usando tecidos inovadores, como o jérsei. Chanel laçou os terninhos, e ainda fez uma versão com brilho para uso noturno. Elsa Schiaparelli chocou a tradicional instituição da moda parisiense com seus modelos bem humorados. Ademais, foi a primeira a lançar uma linha de perfumes. Essa foi ainda a época do estilo Art Déco, resultado do amadurecimento da moda dos anos 20. Marlene Dietrich foi o símbolo desses anos, o que perpetuou o estilo sedutor de uma época.

• 1940-1960 – No pós-guerra, tanto na França como na Inglaterra, a moda se trona uma importante fonte econômica. Foi quando surgiram grandes nomes como Dior e Givenchy.

• 1960 – 1970: Foi chamada de década da revolução da moda, onde imperou uma pegada juvenil. Foi também uma época de experimentos estranhos onde se lançaram roupas feitas de plástico e papel!?! Já André Courrèges criou o prêt-à-porter luxuoso e roupas inspiradas na “era espacial”.

• 1970 – 1980: O final dos anos 60 foi marcado pela extravagância e, tanto homens como as mulheres usavam cabelos longos e calças de boca larga. Entre os jovens, a marca Biba virou uma febre.

• 1975-1985: Durante a década de 70, as lojas de Vivianne Westwood e Malcolm McLaren, na King’s Road, eram o centro do movimento punk. Já no inicio dos anos 80, Westwood se deixa influenciar pelo étnico e histórico. Em 1984, Galliano se formava na Central St. Martins, o resto da história envolve luxo, moda e, mesmo, polêmicas. Ainda nessa década, estilistas japoneses como Yohji Yamamoto e Rei Kawakubo (na Comme des Garçons) “invadem” Paris com seus modelos caracterizados pela desconstrução e assimetria.

• 1990 – 2012: A moda quase despreza as logomarcas e surgem os blogs tipo “look do dia”.

• Dias atuais

Localização: Cromwell Rd, Knightsbridge. Térreo, sala 40.

Horário de Funcionamento: Diariamente, das 10 às 17:45 horas (sextas até as 22 horas).

Preço: Entrada gratuita.

Transporte: Metrô - South Kensington (linhas Piccadilly, Circle e District) ou Knightsbridge (linha Piccadilly); ônibus - linhas C1, 14, 74 e 414.

Além da mostra permanente, quase sempre há as temporárias com enfoque em estilistas famosos.

Em suma, um programa divertido e instrucional que vocês não devem perder!

Abraços!!