A Série Lugares Secretos que Indico visita a terra natal do Conde Drácula
Sighisoara
é uma pequena cidadezinha na Transilvânia. Considerada uma das mais fofinhas
cidades medievais do mundo, desde que li os posts do Andarilhos do Mundo, estava
louca para ir a Romênia e
conhece-la. Ano passado, finalmente, pude fazer essa viagem.
Bucareste, Brasov, Rasnov, Sibiu, Sinaia, todas foram incluídas no meu roteiro.
Amei o país como um todo, mas definitivamente a cidade que roubou o meu coração
foi a terra natal de Vlad III que foi voivoda da Valáquia em 1448, de 1456 a
1462 e em 1476. Ele era o segundo filho de Vlad II, que foi voivoda da Valáquia
de 1436 a 1442 e de 1443 a 1447. Mas, você deve estar se perguntando quem
afinal era esse senhor... Ok, Conde Drácula lhe diz algo?!? Pois bem, seu
sobrenome romeno, era Draculea (também grafado Drakulya), que significa
"filho do dragão", uma referência a seu pai, que recebeu este apelido
de seus súditos após ter se juntado à Ordem do Dragão. Dracul, que vem do latim
draco ("dragão"), significa "diabo" no romeno atual.
| Vlad Tepes, a inspiração para o famoso Drácula de Bram Stoker |
Não gostou
desse senhor? Tudo bem, Sighisoara (se
pronuncia Si-gui-xo-a-ra) é bem mais apaixonante do que ele.
Existe
uma parte moderna na cidade, onde se localiza a bela Igreja Ortodoxa. Todavia,
a área mais turística e encantadora de Sighisoara é a cidadela
medieval que é cercada por nove torres de defesa construídas no século XVI,
já foram 14. São elas: Torre dos Ferreiros (Turnul Fierarilor), Torre dos Açougueiros (Turnul Macelarilor), Torre dos Sapateiros (Turnul Cizmarilor), Torre
dos Peleiros (Turnul Cojocarilor), Torre dos Fabricantes de Cordas (Turnul
Franghierilor), Torre dos Alfaiates (Turnul Croitorilor), Torre dos Curtidores (Turnul
Tabacarilor) e a Torre dos Ourives (Turnul Cositorilor). Pelos nomes, dá para
reparar que cada uma delas representava uma guilda comercial que atuava na
cidade. Até 1875, dentro das muralhas apenas os ourives, alfaiates,
carpinteiros e funileiros eram autorizados a ter suas associações e oficinas.
No miolo
da cidadela, muitas casinhas históricas coloridas, floridas e pra lá de
charmosas. Seu ponto central é a Piața Cetății, a pitoresca praça onde desde tempos
mais remotos acontecem os principais eventos da cidade, como, as feiras de
artesanato, as execuções públicas e até mesmo os julgamentos de bruxas (??!!). A
partir dela, podem-se acessar facilmente as principais atrações de Sighisoara.
Desde 1999, Sighisoara é considerada Patrimônio Mundial da UNESCO.
Sighisoara já era descrita no tempo dos romanos, e no século XII foi reconstruída desde as ruínas de muralhas anteriores.
Casa
cu Cerb
Construída no século XVII em estilo renascentista da Transilvânia, a casa tem esse nome porque restaurações recentes revelaram um mural externo representando o corpo de um veado. Atualmente, o prédio abriga um hotel e no térreo funciona uma adega.
A Strada Cositorarilor leva a torre de proteção mais famosa da cidade, a ainda não citada Turnul cu Ceas, ou Torre do Relógio ou a Torre do Conselho. Ela foi erguida em 1360, para abrigar e conselho municipal e aplicar a lei na cidade. No século XVII, foram acrescentadas, no topo da torre, as figuras de madeira conectadas ao mecanismo do relógio. Elas possuem diferentes significados: a Paz está segurando um ramo de oliveira e vem acompanhada de um boneco que está batendo as horas em seu tambor de bronze; acima deles estão a Justiça, com um conjunto de escalas; e também o Direito, empunhando uma espada e acompanhado por dois anjos que representam o dia e a noite. Além disso, há um conjunto de sete estatuetas, cada uma representando um deus pagão que personificava os dias da semana: Diane (segunda-feira), Marte (terça-feira), Mercúrio (quarta-feira), Júpiter (quinta-feira), Venus (sexta-feira), Saturno (sábado) e Sol (domingo). Esse delicado relógio funciona continuamente desde os tempos medievais, e de hora em hora proporciona aos moradores e turistas um belo espetáculo. O mais legal ocorre às 6 da manhã, quando o anjo que simboliza o dia aparece, marcando o início dos trabalhos, e às 18 horas, quando o anjo que simboliza a noite sai levando duas velas acesas, marcando assim o fim de mais um dia de trabalho.
Sighisoara foi fundada por colonos alemães e somente tornou-se romena após a Primeira Guerra Mundial.
O pináculo da torre termina em uma pequena esfera de ouro. No topo, há um galo meteorológico, que, vira-se por correntes de ar, prevendo o tempo.
Atualmente, a torre alberga o Museu de História onde aprende-se um pouco sobre o papel de cada uma das guildas. Há, também, uma coleção de móveis renascentistas, instrumentos médicos, artefatos etnográficos, artes plásticas e uma coleção de relógios antigos. Mas, o mais interessante são mesmo as vistas do topo da torre (são 102 degraus de subida). Deslumbrantes!! O museu abre de terça a domingo, das 9 às 15:30h. A entrada custa 10 lei.
No interior da torre, pode-se admirar as belas figuras esculpidas em madeira do relógio. Fique de olho em uma pequena janela ao lado da escada que leva ao topo da torre e você as verá.
A entrada do Museu de História também dá direito a visitar a Câmera de Tortura, um pequeno, mas interessante museu, que fica no sopé da Torre do Relógio, na mesma sala onde os prisioneiros eram torturados na Idade Média.
E, dá direito também a entrar na Colectia de
Arme Medievale, que apresenta uma variedade de armas medievais utilizadas na cidade e
arredores, mostrando o seu desenvolvimento ao longo dos tempos. Também está em
exibição um retrato a óleo de Michael Freiherr von Melas (1731-1806).
Do seu lado, está uma casa de cor ocre que é o
local onde Vlad Draculea nasceu em 1431 e viveu com seu pai, Vlad Dracul, até
1435, quando se mudaram para Targoviste. Um dragão de ferro paira sobre a
entrada. O piso térreo da casa serve como restaurante, enquanto o primeiro
andar abriga o seu quarto de infância. Longe de ser uma experiência semelhante
a um museu, é mais um pequeno show de terror, com aranhas gigantes caindo pelos
tetos e vampiro dormindo em caixão. Vale a pena pagar 5 lei para rir dos seus parceiros de viagem “pagando mico”. Ele abre de meio-dia às 20h.
Na Piața Muzeului, reparem em uma casa verde que foi construída no século XVI e em cuja parte superior se vêm as janelas formando um arco de três lóbulos. Lembra Veneza, não?
Casa Venetiana
Logo em frente, se encontra a enorme Basílica do Mosteiro Dominicano (Biserica Manastirii Dominicane), uma igreja luterana em estilo gótico que já foi parte de um complexo monástico maior. No seu interior, pode-se apreciar uma pequena coleção de antigos artefatos que vão do século XV ao XVII.
Virando na rua ao lado da basílica, chega-se ao mirante em frente a prefeitura de onde se tem belas vistas da parte moderna da cidade.
Catedral Ortodoxa
De volta a Piața Cetății, é hora de pegar a
fofa Strada Bastionului. No seu final está a Igreja Católica Romana – Citadel que
foi construída, com um estilo eclético, em 1894. Ela sofreu um incêndio em 1983
e após passou por diversas restaurações. Seu grande destaque é um órgão, projetado por Karl Einschenk em 1908, que foi trazido de uma
Igreja Saxônica próxima. Abre das 9-18h.
No número 11, morou Georgius Krauss uma
personalidade histórica notória de Sighisoara. Hoje, ela é uma pousada e um
excelente restaurante. Falarei mais sobre ele à frente...
Em frente à igreja, há uma espécie de praça e um
mirante. No seu centro, tem uma estátua de Petőfi Sándor, o poeta húngaro do
Romantismo, cujos temas fundamentais foram o amor e a liberdade. Ele faleceu em
1849, na Batalha de Segesvár, atualmente Sighişoara.
Ao fundo, se vê a Torre dos Sapateiros que foi
mencionada pela primeira vez em documentos de meados do século XVI.
De volta a Piața Cetății, pegando-se a Strada
Școlii, que é cheia de lojinhas de souvenires, chaga-se às escadarias cobertas
conhecidas como Scara acoperită. Trata-se de uma escada de madeira, construída
em 1642, que possui 175 degraus. Ela leva ao topo do “morro” onde se encontra a
Biserica din Deal (Igreja da Colina).
Na igreja, atualmente a principal paróquia
luterana dos saxões, há murais, pintados nos anos 1700, que foram recentemente
restaurados.
Na hora de retornar, façam-no pelo caminho
sinuoso que começa no cemitério e leva até o centro da cidadela. Desta forma, podem-se
admirar lindas vistas.
Resumo das atrações:
Onde comer:
International Café (Piața Cetății, 8)
Um excelente café onde se pode tomar o café-da-manhã ou apenas saborear suas ótimas tortas. No subsolo, uma família de marceneiros e seus amigos
produzem e vendem produtos de madeira entalhados à mão e cerâmicas exclusivas.
Já citei a Casa de hóspedes Georgius Krauss, um
hotel cinco estrelas instalado em um prédio de 1600, certificado pela Unesco.
Seu Chef Florin Mihalache prepara seus pratos com ingredientes locais super
frescos. O destaque fica com o filé de carne servido em uma cama de
folhas de espinafre e cipollini doce, acompanhado por um vinho romeno da adega
do restaurante.
Outra boa opção no centro histórico é o
restaurante do Hotel Sighişoara (Strada Școlii 4-6).
Para um jantar bem elegante, recomendo o Joseph T Restaurant &Wine Bar, localizado no Central Park Hotel. (Piața Hermann
Oberth 10).
Reservas são fundamentais em todos eles.
Outro
lugar que recomendo é o bistrô Villa Vinèa Vinothek (Piața Hermann Oberth).
Eles servem vinhos fantásticos feitos na região de Dealu Mare, na Romênia. Há
bons vinhos vendidos à taças, como o Feteasca Regala e o Feteasca Neagra.
Onde se hospedar:
Os hotéis citados acima são boas opções. Eu me hospedei na Pousada Casa Richter que é muito bem ranqueada no booking.com. Adorei! Confortável, muito
limpa e a gerente é uma fofa. Ela não falava inglês, no entanto nós utilizamos
o Google Tradutor para conversarmos e deu tudo certo. Diga-se, é comum as
pessoas fazerem isso na Romênia, onde mesmo em Bucareste, nem sempre os
taxistas, por exemplo, falam inglês.
Como chegar em Sighisoara?
Uma das melhores formas de chegar a Sighisoara é de trem. A estação
(Gara Sighisoara) fica na Libertatii 51. De lá, a pé até o centro histórico,
são cerca de 15 minutos.
Distâncias
de trem:
- De Brasov de trem – 2h-3:25h. Há trens diários de Brasov, cheque os horários no site da empresa ferroviária romena, CFR
- De Bucareste de trem – 5-6h
- De Sibiu – 4-6h
Eu
fiz Basov–Sighisoara de ônibus, pois esses partiam mais cedo e a ideia era
aproveitar ao máximo o dia na cidade e, então, partir para Sibiu na manhã
seguinte. A minha viagem foi feita com a empresa Balint Trans. Gostei, o ônibus
era novo e limpinho. Recomendo. Veja aqui os horários e outras empresas que
fazem o trajeto.
Mapa:
Dúvidas? Deixem um recado.
Abraços!!































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